A Polícia Federal fez buscas no gabinete do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antonio Fireman, nesta quinta-feira, 30, durante a Operação Caribdis. A investigação mira o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho (PSDB), de quem Fireman foi secretário de Infraestrutura.
Fireman seria o ‘Fantasma’ da planilha de propinas da Odebrecht, segundo revelou um dos executivos da empreiteira que fechou acordo de delaão premiada com o Ministério Público Federal. O delator, Alexandre Biselli, citou Téo ‘Bobão’, como o ex-governador era identificado na contabilidade do famoso Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Biselli contou que se reuniu com o então secretário de Infraestrutura do governo alagoano, Marco Antonio Fireman, em 2014, para ajustar os detalhes de repasses a Téo ‘Bobão’ que somaram quantia superior a R$ 2 milhões
O delator disse que Téo ‘Bobão’ ficou ‘uns vinte minutos fora’ da reunião e, nessa hora, ‘Fantasma’ o teria abordado sobre dinheiro para a campanha daquele ano.
Ainda segundo Biselli, ‘Fantasma’ ameaçou tirar contrato da Odebrecht.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da Saúde, ora chefiada por Fireman, ‘formula e implementa políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação em saúde, assistência farmacêutica e fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de saúde’.
“Também desenvolve métodos e mecanismos para a análise da viabilidade econômico-sanitária de empreendimentos públicos no Complexo Industrial da Saúde, promove a implementação de parcerias público-privadas no desenvolvimento tecnológico e na produção de produtos estratégicos para o país e coordena o processo de incorporação e desincorporação de tecnologias em saúde no âmbito do SUS”, diz o site do Ministério da Saúde.
A Operação Caribdis apura fraude a licitação, desvio de verbas públicas (peculato), corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa nos lotes 3 e 4 das obras do Canal do Sertão Alagoano. As irregularidades teriam ocorrido entre 2009 e 2014.
A PF também esteve na casa de Marco Fireman na cidade de Marechal Deodoro, a 35 quilômetros de Maceió.
Segundo a procuradora Renata Ribeiro Baptista, do Ministério Público Federal de Alagoas, havia ‘quadros caros’ no local. O imóvel, afirmou, é ‘claramente incompatível com o rendimento’ de Fireman.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a usar provas ligadas às delações premiadas de executivos da Construtora Norberto Odebrecht. Segundo a Polícia Federal, também foram analisados relatórios do Tribunal de Contas da União que apontaram sobrepreço em contrato firmado entre o Governo de Alagoas e a empresa no montante de R$ 33.931.699,46.
Segundo a PF, a investigação apontou a existência de acordo de divisão de lotes da obra com a Construtora OAS.
O material apreendido será encaminhado à Superintendência da PF em Alagoas, para análise. A soma das penas máximas atribuídas aos delitos citados pode chegar a 46 anos de prisão.