Planilha da Caixa liga empréstimos do banco a políticos do PMDB, PT e PSC

Geddel Vieira Lima

A Corregedoria da Caixa Econômica Federal em Brasília apreendeu um notebook de um funcionário da vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco que continha uma planilha com os empréstimos da instituição para empresas e o nome de políticos. O computador trazia registros datados de 2012. Entre 2011 e 2013, o vice-presidente de Pessoa Jurídica era Geddel Vieira Lima (PMDB). As informações são da revista “Época”.

O documento tinha a lista das empresas que solicitavam empréstimos ao banco, com os valores das operações, o status do negócio e uma coluna intitulada “contatos externos”. Nela, nomes de políticos de PMDB, PT e PSC estavam relacionados às operações, que deveriam ser eminentemente técnicas.

A planilha foi encontrada pela corregedoria do banco em julho do ano passado. Naquela época, a Lava Jato ainda não desbaratara o esquema de achaque a empresas interessadas em recursos do banco. Os investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema fosse tocado por Geddel, pelo ex-deputado Eduardo Cunha e por seu operador Lúcio Funaro. As informações são da Agência Estado.

O documento despertou a atenção. Imediatamente, auditores do banco anotaram em um relatório sigiloso, obtido pela revista “Época”: “No campo contato externo figuram políticos influentes”. E qualificaram o risco: “Dos políticos citados na planilha, há um deputado preso por fraudes licitatórias, e outro formalmente indiciado por envolvimento na operação Lava Jato”.

Os investigadores da corregedoria afirmam que a planilha foi produzida em 2012. De acordo com os auditores da Caixa, o registro formal em documento arquivado de “padrinhos políticos” nas operações de crédito era um ineditismo criado na gestão Geddel – hoje em prisão domiciliar –, a quem o servidor Giovanni Carvalho Alves, usuário do computador, estava subordinado. Produziu-se uma raridade no mundo da corrupção, onde os crimes não deixam provas materiais: uma certidão de apadrinhamento. Por lei, essas operações deveriam seguir o mesmo ritual impessoal aplicado a qualquer pessoa.

A matéria da revista “Época” cita os deputados federais Marco Maia (PT-RS), Mauro Lopes (PMDB-MG), o presidente do PSC, Pastor Everaldo, e os ex-deputados Sandro Mabel (PMDB-GO) e Leur Lomanto (PMDB-BA). Todos negam que tenham intercedido por empresas no banco.

A Caixa informou que o processo interno da corregedoria “foi levado ao conhecimento da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”. Em relação aos empréstimos, o banco afirmou que “até o momento não foram identificadas irregularidades nas concessões”.

Posição. Geddel Vieira Lima afirmou por meio de nota que só vai se manifestar quando tiver acesso ao documento e disse que jamais atuou para favorecer empresas no banco público.

Termos. Em sua negociação com a Procuradoria Geral da República, Eduardo Cunha resolveu incluir a mulher, Cláudia Cruz, em seu acordo de colaboração.

Tática. A ideia é que Cláudia confirme e reforce os fatos narrados pelo ex-deputado que envolvem seu relacionamento com a cúpula do PMDB e outros políticos. Se as conversas avançarem, a jornalista poderá receber uma espécie de imunidade.

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