A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (17/11), a segunda fase da Operação Caronte. A ação investiga fraudes e irregularidades praticadas por funerárias do Distrito Federal.
Nesta fase, ninguém foi preso. Os policiais cumpriram 21 mandados de busca e conduziram coercitivamente 11 donos de funerárias. A operação ocorreu em 10 regiões administrativas do DF.
A nova etapa da operação apreendeu 37 rádios transceptores em uma empresa no Cruzeiro. Investigadores suspeitam que esses equipamentos funcionavam com a mesma frequência da Polícia Civil – passada para os chamados “papa-defuntos” por um agente aposentado –, para obter informações privilegiadas sobre os corpos que chegavam ao Instituto de Medicina Legal (IML). As informações são do Correio Braziliense.
Esses rádios, inclusive, ligaram a primeira com a segunda fase da operação. “Testemunhas e relatos dos presos nos levaram a essas outras funerárias”, explicou o delegado Marcelo Zago, diretor da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria-Geral de Polícia
Porém, nenhuma das 16 empresas envolvidas nas oitivas desta sexta-feira (17/11) têm relação provada com os presos na primeira fase. “Antes, desmanchamos duas organizações criminosas. Agora, há indícios de que essas empresas iam contra a livre concorrência”, acrescenta Zago.
Carros irregulares transportavam corpos
A Polícia Civil também apreendeu um carro de uma das funerárias. De acordo com o delegado Marcos Loures, o veículo não estava registrado para esse tipo de serviço.
“Empresas irregulares pagavam empresas regulares para fazer o transporte do corpo”, relata. Em uma das ações registradas pela polícia, um caixão chegou a ser trocado de um carro para outro no meio da pista.
Relembre a operação
Em 26 de outubro, a Polícia Civil desmanchou a quadrilha, que ficou conhecida como Máfia das Funerárias. O grupo enganava parentes de mortos ao oferecer a liberação mais rápida do corpo com atestados de óbito falsos.
Por telefone, “papa-defuntos” informavam, apenas com base no relato da familiar, a causa da morte da vítima. Segundo investigadores, os criminosos chegavam a usar a frequência de rádio da própria Polícia Civil para interceptar conversas sobre a chegada de corpos ao Instituto de Medicina Legal (IML).
Um dos acusados, o médico Agamenon Martins Borges, cobrava entre R$ 5 mil e R$ 10 mil pelos atestados. Ele e mais dez continuam detidos.