O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba, afirmou nessa segunda-feira (8) que, entre os envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, os políticos são os que “menos reconheceram seus crimes até agora” e “ainda devem desculpas ao povo brasileiro”.
“Ainda não perceberam que mais tarde será tarde demais para eles suportarem as duras consequências dos crimes deles”, afirmou o procurador em palestra na capital paranaense, após mencionar que empresários e diretores da Petrobras já fecharam acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em troca de redução das penas. As informações são da Agência Estado.
Os políticos foram citados pelo procurador depois de fala de Dallagnol sobre a Odebrecht. Antes de fechar delação, a empreiteira negava ter participado do esquema de pagamentos de propinas em troca de contratos com estatais. “Nos outros setores, nós temos uma série de colaboradores, mas no sistema político eles ainda estão na posição da Odebrecht (antes da delação): negando, acusando supostos abusos”, disse o procurador.
Deltan Dallagnol elogiou o instrumento legal da delação premiada, e disse que “tudo veio a se tornar muito claro” nas investigações da operação Lava Jato a partir do momento em que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, colaborou.
O procurador ainda criticou o que chamou de “desculpas” para a prática de crimes. “Quando você confronta pessoas que estão nessa posição, elas vão dizer: ‘olhem, mas eu sou só um político. Se eu não fizer isso, eu sequer sou eleito. Todo mundo faz’”, afirmou. “E aí você vai conversar com os operadores, lavadores de dinheiro profissionais. Esses sim, coitados, vão dizer: ‘Eu era apenas um leva e traz.
Existem ‘n’ outros como eu, se não fosse eu era qualquer um do mercado’”, ironizou.
Atualmente, o Ministério Público Federal negocia acordo de delação com políticos presos na Lava Jato, como o ex-ministro petista Antonio Palocci.