PP se rebela contra estatuto da Caixa

Arthur Lira

Fogo. Arthur Lira reagiu ao novo estatuto da Caixa e disse que Temer saiu enfraquecido do episódio

A Caixa Econômica Federal aprovou na sexta-feira (19) seu novo estatuto impedindo as indicações políticas para ocupar cargos no banco. No mesmo dia, a base de apoio do presidente Michel Temer começou a se insurgir contra as mudanças.

O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), atacou o movimento e disse, em entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews, que o fechamento das portas da Caixa para as indicações políticas vai inviabilizar a aprovação da reforma da Previdência.

Foi o PP quem indicou o presidente do banco, Gilberto Occhi. Para Lira, o novo estatuto “mostra a vontade do Ministério da Fazenda e do Banco Central para tomar o comando da Caixa”. “Eles querem é demonizar a política. Qual país do mundo vive sem política?”, questionou o deputado. “E esse Conselho de Administração é indicado por quem? É indicado pelo Ministério da Fazenda, pela equipe econômica”, reagiu, citando o conselho da Caixa que aprovou o novo estatuto.

As novas regras entram em vigor em meio ao afastamento de quatro vice-presidentes do banco investigados por suspeita de participarem de um esquema de propinas para aprovar financiamentos a empresas. Apesar de pedido do Ministério Público Federal (MPF) e do Banco Central para que a Caixa afastasse os 12 vices, Temer decidiu penalizar apenas os quatro que já são alvos de denúncias formais. Ele vinha resistindo a destituir os dirigentes para não perder o apoio das siglas que os indicaram aos cargos, mas recebeu um aviso do MPF: poderia ser responsabilizado civilmente caso fosse comprovado crime por parte de algum dos alvos das investigações.

Ao jornalista Gerson Camarotti, Arthur Lira criticou o argumento de que é preciso uma gestão técnica no banco. “Não venha de novo com essa de escolha técnica”. Em seguida, ironizou a situação política de Michel Temer, que, segundo ele, saiu enfraquecido desse episódio. “Quem tem que estar aperreado é o presidente Temer, que está sendo esvaziado, pois tiraram atribuição que era dele. (…) Daqui a pouco Temer não indica mais ninguém”, disse.

Um dos pontos mais importantes aprovados no novo estatuto é o processo de escolha e destituição de dirigentes da Caixa. Essa responsabilidade, que antes estava nas mãos do presidente da República, passou para o Conselho de Administração do banco, que se manifestará depois do Comitê de Indicação e Remuneração.

Antes, o governo fazia a indicação por indicação do Ministério da Fazenda e o consenso do Conselho de Administração da Caixa. Além disso, foram incluídos, conforme o banco, novos critérios para seleção dos vice-presidentes, como, por exemplo, o uso de consultoria especializada em recrutamento de executivos.

Ética

Julgamento. No próximo dia 29, a Comissão de Ética da Presidência deve começar a julgar os processos que apuram as condutas de dois dos quatro vice-presidentes da Caixa afastados: Deusdina Pereira (Fundos de Governo e Loterias) e Antônio Carlos Ferreira (Corporativo). Os processos dos outros dois afastados – Roberto Derziê de Sant’Anna (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital) – ainda não têm data para serem julgados.

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