Presidente da Infraero diz que venda de aeroportos dará prejuízo de R$ 3 bi

In the forefround an Avianca airliner lands in the Santos Dumont airport (not framed) as sailing boats compete in the International Sailing Regatta held in the Guanabara Bay in Rio de Janeiro, Brazil on August 19, 2015, an event that serves as a test for the Rio 2016 Olympic Games. AFP PHOTO/VANDERLEI ALMEIDA ORG XMIT: VAN971LEGENDA DO JORNALAvião da Avianca pousa no aeroporto de Santos Dumont

Em ofício enviado ao ministro dos Transportes, o presidente da Infraero, Antônio Claret, sinalizou que os estudos feitos pela estatal não foram levados em consideração no plano de privatização de aeroportos e apontou riscos para compradores e para a União, que terá de arcar com R$ 3 bilhões por ano se o plano seguir como foi anunciado.

No documento, a que a Folha teve acesso, Claret se diz “preocupado” e elenca uma lista de problemas caso a venda seja feita em blocos e contando com aeroportos lucrativos, como foi anunciado nesta quarta-feira pelo ministro Maurício Quintella (Transportes).

Segundo Claret, um Grupo de Trabalho Interministerial (GT) foi criado para fechar o modelo de venda e a outorga -valor anualmente pago pelo comprador para explorar o aeroporto comercialmente. Os estudos do GT apontaram que a outorga do bloco de aeroportos do Nordeste será de R$ 1,2 bilhão, mas ainda segundo a Infraero, esses cálculos não foram feitos corretamente e o valor seria de R$ 200 milhões. As informações são de JULIO WIZIACK, Folha de São Paulo.

Outro problema será a venda de aeroportos lucrativos da estatal, como Congonhas (SP), Santos Dumont (RJ), Curitiba (PR) e Recife (PE). Hoje, dos 54 aeroportos da Infraero, 17 dão lucro e cinco deles —Curitiba, Recife, Santos Dumont e Manaus— respondem juntos por 37% da receita da estatal.

Considerando o lucro, Curitiba, Recife, Congonhas e Santos Dumont contribuem com 78% do resultado. “A modelagem contemplando esses ativos põe em risco a situação de independência financeira da Infraero para custear sua operação”, escreveu Claret ao ministro.

O presidente da estatal considerou que o impacto da venda dos 14 aeroportos em três blocos ainda está em aberto. Disse, por exemplo, que é preciso definir o que fazer com os 1.600 funcionários que trabalham nesses aeroportos.

O Acordo Coletivo de Trabalho garante a estabilidade dos empregados até 2020 e, das unidades já privatizadas, 80% dos servidores optaram em ficar na estatal.

Sem os 14 aeroportos, haverá necessidade de financiamento de investimentos da ordem de R$ 7 bilhões, o fluxo de caixa ficará negativo em R$ 400 milhões por ano durante 15 anos e, por isso, a União terá de destinar R$ 3 bilhões para manter a Infraero.

Claret também criticou a venda de participação da estatal (49%) nos aeroportos de Galeão (RJ), Brasília (DF), Confins (MG) e Guarulhos (SP). A ideia, segundo ele, era que os dividendos de médio e longo prazo ajudariam a reequilibrar a contabilidade da estatal, que compensa prejuízos de 37 aeroportos com o lucro de 17.

Além disso, o TCU (Tribunal de Contas da União) recomendou no ano passado que a estatal recupere sua capacidade de geração de recursos por meio de abertura de capital e concessões com investimentos em parceria com a iniciativa privada. Ou seja: o TCU, ainda segundo Claret, reforçaria o modelo de participações minoritárias.

Segundo ele, a Infraero contratou a consultoria Roland Berger para definir os rumos da estatal projetando, inclusive, cenários de privatizações. O relatório deveria ter sido entregue na quarta-feira (23), quando o governo anunciou a venda dos aeroportos em blocos.

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