O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, é um dos alvos da operação da Polícia Federal sobre prejuízos sofridos pelo fundo de pensão dos Correios, o Postalis. Ele foi alvo de condução coercitiva para depor.
Rabello de Castro é dono da agência de classificação de risco SR Rating, da qual se afastou após assumir o cargo atual. A empresa foi contratada pelo Postalis para fazer avaliação econômica e financeira de negócios agora considerados suspeitos.
Ele foi signatário de relatórios que embasaram decisões de investimentos, segundo investigadores.
A PF investiga operações financeiras realizadas pelo Postalis. Há suspeita, segundo a PF, de que uma organização criminosa estaria desviando recursos do fundo. As informações são da Folha de São Paulo.
A agência de risco pertencente a Rabello Castro é um dos alvos da Operação Pausare porque ela participou da análise de risco dos papéis de uma das operações financeiras questionadas pelo Ministério Público Federal no DF.
Segundo as investigações, a SR Rating emitiu relatórios que permitiram negócios com a Mudar Master II Empreendimentos e Participações no valor de R$ 109,8 milhões.
O procurador da República no DF Ivan Cláudio Marx, responsável pela apuração no MPF, disse que as agências de risco são foco da investigação porque é necessário que expliquem os critérios utilizados para dar autorização para negócios com papéis que outros documentos já diziam ser de risco.
“Como ela [agência de risco] decide dar uma nota confiável se uma empresa está praticamente quebrada?”, indaga o procurador.
Em um relatório de 2016 sobre a Mudar Master II, a CRPC (Câmara de Recursos da Previdência Complementar) do Ministério da Previdência Social apontou que o negócio foi possível com o relatório da SR Rating.
“Com base em dados de fevereiro de 2011, [a SR] apontava endividamento da emissora das debêntures compatível com seu patamar de geração de caixa, mas que a capacidade de pagamento das CCI [Cédulas de Crédito Imobiliário] dependia do sucesso comercial dos empreendimentos a serem lançados e financiados pelas debêntures emitidas”.
A Folha apurou que mais três agências de risco são foco da apuração, além da SR Rating.