Primeiro-ministro de Israel confirma presença em posse de Bolsonaro

Judeu ultraortodoxo com o Domo da Rocha da Mesquita de al-Aqsa ao fundo, em Jerusalém Foto: AHMAD GHARABLI / AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou presença na posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) a ser realizada em Brasília no dia 1° de janeiro de 2019, informou nesta quinta-feira a assessoria do brasileiro. Netanyahu é o primeiro chefe de Executivo cuja presença na posse de Bolsonaro foi confirmada pela assessoria dele.

Na véspera, o embaixador de Israel no país, Yossi Shelley, havia visitado Bolsonaro na Granja do Torto, que tem sido a residência oficial do presidente eleito durante o governo de transição.

A visita de Shelley ocorreu um dia depois de um dos filhos do presidente eleito, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL – SP), confirmar durante visita aos Estados Unidos a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.

— A questão não é perguntar se vai, a questão é perguntar quando será — afirmou Eduardo Bolsonaro quando questionado sobre o assunto em Washington.

Israel considera Jerusalém sua capital “única e indivisível”, mas resoluções da ONU determinam que o status final da cidade deve ser decidido em negociações com os palestinos. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou o setor oriental (árabe) de Jerusalém e posteriormente declarou sua anexação, que não é reconhecida internacionalmente. Com exceção dos EUA e da Guatemala, todos os países que têm embaixada em Israel mantêm suas representações em Tel Aviv. O tema já foi objeto de idas e vindas de Jair Bolsonaro antes e depois das eleições.

Eduardo Bolsonaro minimizou eventuais retaliações dos países árabes à transferência da embaixada em Israel. Disse que, se isso ocorrer, as empresas vão precisar se adaptar. Os países árabes estão entre os maiores clientes do agronegócio brasileiro. Até setembro deste ano, o Brasil exportou US$ 13,4 bilhões para o bloco, com um superávit de US$ 2,98 bilhões.

Ao comentar as possíveis consequências da transferência da embaixada, o deputado também mencionou a disputa entre o Irã, país persa de maioria xiita, e países árabes em que a maioria da população pertence à vertente sunita do Islã, em especial a Arábia Saudita,  forte aliada de Washington.

— Eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes — disse.

Na declaração sobre o Irã, Eduardo Bolsonaro mais uma vez seguiu a linha preconizada pela Casa Branca de Donald Trump, que busca isolar o país persa, em uma política que tem apoio dos sauditas e israelenses. Em maio passado, Washington deixou o acordo nuclear com o Teerã assinado por Barack Obama em 2015, apesar das críticas dos outros signatários — França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China. Com isso, retomou as sanções econômicas ao país.

Encontro com Bolton

Nesta quinta-feira, o presidente eleito disse que a mudança da embaixada brasileira em Israel foi um dos temas abordados durante seu encontro com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton. O assessor de Trump visitou Bolsonaro durante uma parada a caminho da Argentina para a reunião do G20.

— Conversamos sobre esse assunto também. Conversei ontem com o embaixador de Israel nesse sentido. Essa possibilidade existe. Em Jerusalém, ali tem duas partes. Uma parte não está em litígio. A embaixada americana foi para essa parte —  afirmou.

Bolsonaro também disse que existe a possibilidade de Trump vir a sua posse, em 1º de janeiro, e que aceitará o convite de Trump, transmitido por Bolton, para visitar os Estados Unidos, depois de uma primeira viagem que pretende fazer como presidente a três países vizinhos: Chile, Argentina e Paraguai.

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