Procuradoria investiga troca na chefia da Polícia Federal de Santos

New Director of Brazilian Federal Police, Delegate Fernando Queiroz Segovia Oliveira gestures during the handover ceremony for the new General Director of the Federal Police in Brasilia, Brazil, November 20, 2017. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: UMS9

Fernando Segovia, diretor-geral da Polícia Federal

O procurador da República Roberto Farah Torres, do Ministério Público Federal em Santos, enviou na última sexta-feira (19) um ofício ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, solicitando informações sobre os critérios que serão adotados para a substituição no comando da Delegacia da PF na cidade litorânea, uma das maiores do país.

O pedido de explicações ao chefe da PF paulista é segundo passo de um inquérito civil aberto no dia 15 de janeiro pelo procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, que apura os motivos da substituição. O Ministério Público tem entre as suas atribuições o controle externo da atividade policial.

Em dezembro, a direção da Polícia Federal retirou da chefia santista o delegado Júlio César Baida Filho, transferido para o Rio de Janeiro. Seu substituto ainda não foi definido. A Folha apurou que a mudança ocorre no momento em que avançam investigações sobre um esquema de corrupção no porto de Santos. As informações são de  WÁLTER NUNES –  Folha de São Paulo.

A transferência de Baida Filho aconteceu após uma reunião com cerca de dez investigadores na sede da Polícia Federal santista. No encontro havia, além de delegados, procuradores da República e auditores da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas da União e da Receita Federal. A pauta era justamente irregularidades em contratos de empresas que atuam na área portuária.

O porto de Santos é área tradicional de influência do presidente Michel Temer. Ele é investigado pelo suposto favorecimento da operadora de terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos. Em troca, haveria pagamento de propina. O negócio teria sido intermediado pelo ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o mesmo filmado com uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.

O favorito a assumir a chefia da delegacia santista é o delegado José Roberto Sagrado Da Hora. Ele já tinha sido apontado como substituto de Baida Filho quando foi anunciada a troca de comando, mas servidores de órgãos envolvidos nas investigações no porto de Santos protestaram, alegando que a indicação de Da Hora agradaria a políticos ligados ao presidente Michel Temer. A nomeação, então, não aconteceu.

O procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, demonstrou preocupação com a mudança. “Embora a substituição da chefia de Santos seja um ato da cúpula da Polícia Federal ela deve observar os princípios constitucionais e o interesse público, especialmente no que se refere à capacidade de quem comanda uma das maiores e mais importantes delegacias do país”, disse Nobre. “A atual chefia realiza um trabalho sério, primoroso e não conhecemos as razões para que esse brilhante trabalho seja interrompido.”

OUTRO LADO

A assessoria da Polícia Federal disse que o cargo de diretor da Delegacia da PF de Santos é de confiança do diretor-geral, que após ouvir o superintendente de São Paulo vai definir quem será o substituto de Júlio César Baida Filho. O critério usado para a nomeação, segundo a assessoria, é o mesmo usado pelo Ministério Público e ainda não há definição sobre o nome do novo delegado-chefe de Santos.

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