Projeto que prevê aumento da faixa de areia da praia de Ponta Negra deve ser licitado em 2022, diz secretário

Praia de Ponta Negra, em Natal (Arquivo) — Foto: Lucas Cortez/Inter TV Cabugi

O que já foi uma extensa faixa de areia agora é uma área espremida entre o mar e um calçadão, tomada por guarda-sóis. Na maré alta, a areia some e as ondas batem nas pedras do enrocamento que protege o passeio público na praia de Ponta Negra, em Natal.

A Prefeitura da capital potiguar tem um projeto de engorda — um alargamento da faixa de areia — da praia de Ponta Negra, mas a previsão atual é de que a licitação dessa obra específica só ocorra no início de 2022.

O principal argumento da prefeitura para as obras de alargamento é recuperar o potencial turístico de sua praia mais famosa, inspirada em projetos como o realizado em Balneário Camboriú.

Segundo o secretário de Obras do município, o alargamento da faixa de areia é a segunda etapa do plano de recuperação da praia de Ponta Negra. Antes dele, o município precisará terminar o enrocamento, que é uma proteção feita de pedras, entre a praia e o calçadão.

Atualmente, há dois quilômetros de proteção, que foram instalados de forma emergencial em 2014. Mas faltam outros dois quilômetros, até as proximidades do hotel Sehrs, na Via Costeira. A licitação para a conclusão dessa parte da obra não foi feita até a publicação desta reportagem. O assunto é discutido pelo menos desde 2019.

"Maquete" mostra como ficará a praia de Ponta Negra, após aterramento — Foto: Cedida/Prefeitura de Natal

“Maquete” mostra como ficará a praia de Ponta Negra, após aterramento — Foto: Cedida/Prefeitura de Natal

A previsão era que essa ampliação do enrocamento fosse iniciada ainda em 2020, mas segundo o secretário de Obras, Carlson Gomes, questionamentos do Ministério Público e o atraso na entrega de documentos para recebimento da licença do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) – mudaram os planos.

Além disso, com a alteração do material que será utilizado – de pedras para blocos de concreto pré-moldados – o município teve que apresentar um novo projeto ao Ministério de Desenvolvimento Regional, dono dos recursos que serão usados na obra, estimados em cerca de R$ 25 milhões.

“Eles deram o prazo do próximo dia 20 (de setembro) para dar uma resposta e estamos trabalhando com a expectativa da confirmação, para lançarmos o edital do enrocamento de imediato”, afirmou Carlson Gomes.

Somente com a aceitação da mudança no enrocamento, por parte do governo federal, a prefeitura deverá enviar a alteração para a empresa de consultoria já contratada, que terá 45 dias para alterar o projeto da engorda – considerando também a nova estrutura – e solicitar o licenciamento dessa segunda etapa ao Idema.

Engorda prevê faixa de areia com 100 metros

“O mar vem avançando. Desde 2012, quando houve uma maré fortíssima que derrubou o calçadão, os estudos vêm mostrando de lá para cá o aumento, o mar vem realmente avançando em Ponta Negra. Tanto que existem os problemas no calçadão, que a gente vive recuperando”, diz o secretário.

De acordo com ele, a previsão é de que, após a obra de engorda, estimada em R$ 50 milhões, Ponta Negra passe a ter uma faixa de areia de 100 metros, na maré baixa, e cerca de 30 metros na maré alta. Atualmente, a maré seca expõe cerca de 25 metros de areia na praia.

“Haverá um ganho substancial para os barraqueiros, o comércio e a prática de esportes”, justifica.

Até lá, porém, o município ainda enfrentará as licitações, audiências públicas e uma obra com previsão de conclusão em cerca de 3 anos e meio. O secretário afirma que o tempo pode ser menor, porque já considera possíveis atrasos.

A empresa responsável pelos estudos de viabilidade – que acompanha os efeitos da maré na praia há quatro anos, por exemplo, localizou um banco de areia próximo à praia de Areia Preta. São cerca de 6,7 milhões de metros cúbicos, dos quais o município pretende utilizar 1 milhão m³ para o aterramento.

Gomes explica que assim como em Balneário Camboriú, grandes dragas tiram a areia de dentro do mar e e levam até perto da orla, bombeando o material para o trecho que será aterrado. Em seguida, tratores espalham a areia, realizando o aterramento.

“A gente tem feito um estudo para que isso seja feito por partes, para não interditar toda a praia. Vamos analisar bloqueios a cada 500 metros, por exemplo, para não prejudicar tanto o comércio local”, disse o secretário.

Primeira etapa: enrocamento

A conclusão do enrocamento é a primeira etapa da obra de recuperação de Ponta Negra e tem custo estimado em R$ 25 milhões. O enrocamento é uma proteção feita entre a praia e o calçadão, para evitar a erosão provocada pelas ondas. Os primeiros dois quilômetros foram instalados em 2014, com pedras. Agora, o município pretende continuar a obra com blocos de concreto. A prefeitura já recebeu a primeira licença do Idema, necessária para a obra em 1.1170 metros da orla — isso porque alguns hotéis já instaram proteções por conta própria e não será necessário construir nesses trechos.

“Essa é uma tecnologia que não existia aqui quando as pedras foram colocadas, mas que é melhor, porque tem garantia de 20 anos, e vai facilitar a acessibilidade, com escadas feiras dos próprios blocos”, explicou o secretário.

Segunda etapa: aterramento

O aterramento de Ponta Negra com 1 milhão de metros cúbicos de areia prevê a ampliação da faixa de areia na praia para instalação de barracas, uso esportivo e passeio dos banhistas.

Mesmo com a ampliação da faixa, o secretário afirma que nas marés mais altas do ano, as ondas ainda poderão chegar ao enrocamento e, por isso, essa etapa só pode acontecer depois da conclusão do enrocamento.

Exemplo

O cenário da Praia Central de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, está mudando, com a chegada de uma draga, responsável pelo alargamento da faixa de areia. O principal argumento da prefeitura para as obras de alargamento é a necessidade de recompor a faixa de areia, que foi “engolida” pelo mar ao longo das últimas décadas.

Antes e depois  Balneário Camboriú — Foto: Montagem/G1

Antes e depois Balneário Camboriú — Foto: Montagem/G1

Com os dois processos de engorda da faixa de areia na região da Praia de Iracema, o aterro de Fortaleza tem, ao todo, desde 2019, até 120 metros. O tamanho decorre de duas obras, uma executada em 2000 e outra já finalizada em 2019. O processo de requalificação da área em Fortaleza, que engloba a adaptação do calçadão, mudanças na Feirinha da Beira Mar e padronização dos quiosques deve ser finalizado, conforme o governo municipal, até o fim deste ano.

G1RN

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