PSOL recorre a empresário para disputa no RN

O empresário Carlos Alberto Medeiros com os deputados do PSOL Luiza Erundina e Ivan Valente

“Como é que você imagina que alianças com o Sarney e o Renan Calheiros iam dar certo?”, critica o empresário Carlos Alberto Medeiros, na foto com os deputados do PSOL Luiza Erundina e Ivan Valente 

Conhecido pela retórica contra os excessos do capitalismo, o PSOL recorreu a um empresário como candidato ao governo do Rio Grande do Norte.

A chapa será encabeçada por Carlos Alberto Medeiros, sócio de sete restaurantes fast-food, que promete acabar com os privilégios das grandes empresas se eleito.

Crítico da concentração de renda, ele defende um crescimento da base para cima, mas reconhece que o capital tem papel importante na economia.

Entre suas propostas estão o desenvolvimento das pequenas indústrias e propriedades, o apoio às cooperativas no campo e o fortalecimento dos agricultores familiares.

“Nossos inimigos são as grandes empresas que exploram o Brasil, que querem abocanhar o pré-sal, e privatizar o setor elétrico”, afirma. “O Estado não vai ser proprietário do pequeno comércio”. Renan Marra – Folha de São Paulo

Medeiros defende o fortalecimento de Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Medeiros entrou no ramo da alimentação na década de 1990. Hoje os estabelecimentos são gerenciados por seu filho. Em 2010, tornou-se membro do PT e, apesar de ter migado para o PSOL, reconhece como positivo o legado do partido no Nordeste e se diz admirador do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Um eventual governo do PSOL, no entanto, seria mais à esquerda em relação às eras Lula e Dilma, diz ele.

Os erros dos petistas, segundo Medeiros, foram políticos. “Como é que você imagina que alianças com o Sarney e o Renan Calheiros iam dar certo?”, critica.

Para ele, partidos de esquerda devem ser “empoderados”. O pré-candidato defende aliança com o PSTU, da esquerda radical. Mas ele se define como alguém “aberto ao diálogo” e diz que não teria dificuldade para formar a maioria na Assembleia Legislativa.

“Quem será contra erradicar o analfabetismo? Quem não irá votar um orçamento para que a habitação seja uma prioridade? Muitos serão simpáticos a isso apesar de estarem em partidos diferentes”.

Dentro do PSOL, Medeiros afirma que não enfrenta mais resistências. Diz que o fato de ser empresário foi questionado quando seu nome começou a ser discutido internamente. Segundo ele, isso está “superado”.

Em relação ao Rio Grande do Norte, Medeiros não economiza críticas em diferentes setores. Ele cita altos índices de violência e desemprego, o baixo crescimento econômico e classifica a educação como precária. Além de empresário, Medeiros é professor universitário há 22 anos.

Fato determinante para esse cenário, segundo Medeiros, são as oligarquias que há anos ocupam cargos no estado.

Segundo ele, atualmente 84 indústrias têm renúncia fiscal de aproximadamente R$ 300 milhões ao ano. O valor poderia apoiar as 10 mil indústrias do estado “que nunca receberam qualquer incentivo”, afirma.

Quanto aos restaurantes populares implantados pelo atual governador do estado, Robinson Faria (PSD), Medeiros os classifica como uma “medida populista”.

“Distribuir comida de graça não é solução para economia do Rio Grande do Norte, nem para o povo”, afirma.

A mudança idealizada por Medeiros começa pelos seus restaurantes.

Ele diz que reduziu a jornada diária de seus funcionários para seis horas porque eles trabalhavam muito. A média salarial, segundo ele, é a maior da praça.

Além disso, ele diz que alguns funcionários que cresceram junto com os estabelecimentos receberam participação de lucro na empresa.

Nas eleições de 2016, o PSOL conseguiu eleger duas prefeituras no RN, nas cidades de Jaçanã e Janduís.

Medeiros atribui tal feito à proposta do partido de combater as oligarquias no estado.

“É essa a nova esquerda que as pessoas esperam. Não a esquerda que vai se abraçar com a direita, com os partidos tradicionais e que pratica a velha política”, afirma.

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