PTB filia empresários chineses para atrair simpatia da comunidade

Posse do novo presidente do PTB Oriental, Fernando Zhu Xuanchu, proprietário de um daqueles shoppings de eletrônicos na avenida Paulista, que também contou com a presença do deputado estadual Campos Machado, presidente do diretório paulista do partido. Comerciantes coreanos e chineses têm cada vez mais se filiado ao grupo PTB Oriental (ala do partido foi criado pela comunidade japonesa, para ajudar os dekasseguis)

O empresário Fernando Zhu Xuanchu tentava acompanhar todos os versos do Hino Nacional brasileiro na noite da última segunda (27). Seguiu boa parte da letra –não com a mesma desenvoltura com que cantou o hino da China, país onde nasceu em 1982.

Zhu Xuanchu acaba de se filiar ao PTB para fazer a sigla falar nas duas línguas. Naquela noite, ele reservou para o partido o segundo andar de um de seus dois shoppings na avenida Paulista, onde estandes oferecem importados por uma fração do que custam no centro comercial do outro lado da rua.

Naquela data, a sigla comemorava a posse do chinês como novo presidente do PTB Oriental. A ala tem uma centena de filiados e nasceu em 2011, criada por japoneses que buscavam apoio político para ajudar decasséguis (imigrantes brasileiros no Japão).

Com Zhu Xuanchu no comando do grupo, a sigla busca a simpatia de uma comunidade de cerca de 250 mil chineses em São Paulo que, diz o empresário, não se veem atendidos pela política. As informações são de  GABRIELA SÁ PESSOA, Folha de São Paulo.

Para o empresário, sua comunidade “não tem voz” que a defenda quando sofre “alguma opressão”.

“Olham [para nós] como se todo mundo fosse pirateiro e sonegador. Não é bem assim, é pouca gente, como em todo país, que faz coisa errada. A maioria faz tudo certinho, cria emprego no Brasil e contribui para o PIB brasileiro”, ele afirma.

O empresário relata que a comunidade ouviu ofensas de fiscais da Receita Federal. Em setembro, o órgão apreendeu R$ 300 milhões em produtos ilegais que eram comercializados na região da rua 25 de Março. A megaoperação desencadeou o fechamento do Shopping 25, posteriormente reaberto pelo prefeito João Doria (PSDB).

CANETA

Nesse episódio, Zhu Xuanchu conta que recebeu o apoio do deputado estadual Campos Machado, presidente do PTB em São Paulo, que “se colocou à disposição para qualquer defesa”.

“Vamos lançar candidatos as deputado estadual e federal, mas nossa missão principal é eleger nosso padrinho, Campos Machado. Temos uma gratidão enorme”, conta o chinês. Ele expressou o sentimento presenteando o parlamentar com uma caneta onde se lia Mont Blanc.

O regalo estava embalado em sacola rosa, feita de papel plastificado, que passou de mão em mão pela mesa da cerimônia até chegar ao deputado.
O secretário-adjunto da Justiça de São Paulo, Luiz Souto Madureira, prestigiou a posse de Zhu Xuanchu.

O PTB Oriental planeja lançar duas candidaturas em 2018: o coreano Nelson Hong, vice-presidente do grupo e liderança do Bom Retiro, para deputado estadual, e Edson Hato, descendente de japoneses, para deputado federal.

Zhu Xuanchu, em si, não pode se candidatar ou votar. Ele mora no Brasil desde 1995 e adotou Fernando como nome, mas não se naturalizou.
Em 2018, pretende atuar no diálogo com a comunidade e ainda está pensando se irá contribuir financeiramente com candidaturas.

Foi uma campanha, aliás, que aproximou o empresário de Campos Machado: ambos apoiaram Celso Russomanno (PRB) para prefeito em 2016.

BANDEIRAS

Importam aos chineses questões como agilizar vistos, para facilitar viagens de negócios. “Pela burocracia, o visto demora mais do que o previsto”, diz o empresário.

Zhu Xuanchu se formou em administração pela PUC. Para ele, o futuro presidente do Brasil terá, inevitavelmente, de manter boa relação com a China, principal parceiro econômico do Brasil.

A família de Zhu Xuanchu desembarcou no Brasil em 1989, dias depois do massacre na Praça da Paz Celestial.

A repressão ao protesto de estudantes levou seu pai, criado sob as normas do regime de Mao Tsé-Tung, a finalmente deixar o país asiático, seguindo “a vontade de conhecer o capitalismo”.

No Brasil, seu pai trabalhou em restaurantes e no comércio de eletrônicos. Hoje, além dos dois shoppings na Paulista, a família tem uma empresa que exporta minérios para estatais chinesas –principalmente nióbio.

Segundo o empresário, “não existe mais comunismo na China”.”Existe o Partido Comunista, que é o único legalizado. Desde 1949, faz um ótimo governo, o resultado vocês veem: o PIB cresce 7,5% ao ano. Não tenho como reclamar.”

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