‘Quem vai botar ordem na casa?’, questiona FHC ao defender Judiciário

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa do Poder Judiciário em vídeo publicado na manhã desta terça-feira no Facebook. No momento em que juízes, investigadores federais e ministros do STF se veem no centro da crise política do país, tidos pela opinião pública como algozes ou salvadores, o tucano ressaltou que não se pode pensar em uma Justiça de decisões automáticas ou que agrade a todos.

“Nem sempre uma decisão do Judiciário me agrada ou agrada que está me ouvindo. Agora, ou nós aceitamos que há regras e há o Judiciários ou, então, quem é que vai pôr ordem na casa?”, questionou FHC.

Na visão do sociólogo, a Justiça é um marco para a democracia. Ele reconhece que algumas decisões judiciais “nos deixam perplexos”, mas defendeu o dever de “aceitar as regras” institucionais. A opinião pública, segundo o tucano, pode participar e manifestar o sentimento social sem abandonar a Constituição. As informações são de O Globo.

“Então, isso nos coloca, como estamos hoje, em uma certa perplexidade. Nós, às vezes, achamos que a Justiça errou. Pode ser que tenha errado, mas nós temos que obedecer”, reforçou.

Segundo FH, quando o juiz é “consciencioso”, leva em consideração o apelo popular ao interpretar o texto da lei. Ele ressalva que, neste contexto, o magistrado não pode atuar contra fatos nem contra leis.

“Em toda democracia, nós temos que acreditar que as instituições estão funcionando. Nós temos que fazer com que elas funcionem (…) E a Justiça tem regras, tem prazos, princípios. Ela se presta a interpretações. Portanto, não podemos pensar que a Justiça vai funcionar nem como cada um de nós quer nem de uma maneira automática, matemática. Ela tem aí uma certa margem de manobra”, declarou o ex-presidente.

Em tempos de crise institucional e Operação Lava-Jato, os integrantes do Judiciário acabam criticados por todos os lados do espectro político. Enquanto alguns acusam os excessos e a parcialidade da Justiça, caso do ex-presidente Lula e seus partidários, outros apontam uma suposta impunidade legal dos poderosos, argumento comum entre grupos da direita.

Na semana passada, por exemplo, uma decisão do ministro do STF Marco Aurélio Mello possibilitou o retorno de Aécio Neves (PSDB-MG) — correligionário tucano de FH — ao Senado e causou indignação popular.

 

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