Se por um lado o empresário Rafael Alves vem sendo bombardeado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) e apontado como ‘h’omem-bomba’ na investigação do QG da propina montado na prefeitura de Crivella, por outro tem ajudado promotores em investigações que apuram as ligações de matadores de aluguel com as disputas envolvendo o jogo do bicho.
Alves é um arquivo vivo de informações sobre o mundo do samba e da contravenção por ter sido casado com Shanna Harrouche Garcia Lopes, filha do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho. Ambos mantiveram a amizade e voltaram a morar juntos depois que Shanna foi alvo de um atentado em outubro do ano passado na Barra da Tijuca.
Desde então, Alves estimulou e Shanna passou a dar uma série de depoimentos para a Polícia Civil e o MP-RJ que hoje investigam o empresário por cobrar propina em contratos da prefeitura. Até agora, a filha do contraventor vem descrevendo para os promotores quem são os integrantes do chamado “Escritório do Crime” que foram convocados para cometer assassinatos na guerra do jogo do bicho. Em fevereiro, Alcebíades Paes Sabino, o Bid, tio de Shanna, foi executado logo depois de sair do desfile das escolas de samba, na Sapucaí. “Estão matando minha família toda”, disse a ex-mulher de Alves logo depois do assassinato.
Alves tem levado Shanna a destrinchar para o MP-RJ toda geografia de domínio do jogo do bicho na cidade. Ela acusa o ex-cunhado Bernardo Bello de ser o mandante do atentado contra ela e de controlar a operação de máquinas de caça-níquel em regiões do Rio que antes estavam sob o domínio do seu pai. Seus relatos para promotores e policiais também já trataram de uma caixinha que bancaria delegacias para não investigar crimes da contravenção.
O Globo