RN movimentou ao menos 15,8 toneladas de cocaína desde novembro de 2018

O tráfico internacional de drogas movimentou pelo menos 15,8 toneladas de cocaína no Rio Grande do Norte entre novembro do ano passado e dezembro deste ano. Parte da cocaína foi interceptada pela Polícia Federal em seis operações e outra pela polícia internacional, em especial a holandesa. A última apreensão em solo potiguar aconteceu no último sábado (7) quando foi encontrada 1,2 tonelada dentro de um contêiner, que estava a caminho do Porto de Natal, e em galpões em Parnamirim. O Porto de Natal, onde a maior parte da droga é escoada, ainda opera sem escâner de carga.

Dez meses após a primeira apreensão de cocaína no Porto de Natal, providências como a aquisição de um escâner de carga não foram tomadas por falta de recursos

Dez meses após a primeira apreensão de cocaína no Porto de Natal, providências como a aquisição de um escâner de carga não foram tomadas por falta de recursos

Entre o dia 25 de novembro e 2 de dezembro, outros 550 quilos de cocaína foram interceptados na Holanda dentro de caixas de frutas exportadas através do Porto de Natal. A quantidade é a soma de três operações das autoridades holandesas e foi confirmada pela Receita Federal nesta segunda-feira (9). Outras 7,1 toneladas identificadas em cargas de frutas saídas de Natal foram apreendidas no país europeu desde novembro do ano passado.

A última apreensão de cocaína no Rio Grande do Norte, feita pela Polícia Federal no sábado, se assemelha a uma outra realizada em novembro do ano passado. Na ocasião, 1,5 tonelada foi encontrada dentro de um armazém em Parnamirim, na região metropolitana de Natal. Na época, foi a maior apreensão no estado, mas a relação com as cargas de frutas contaminadas em contêineres escoados pelo Porto de Natal não estava confirmada, apesar de “fortes indícios”. Depois da operação do sábado, a PF confirmou a relação.

Na apreensão do último sábado, a droga estava dividida em quatro locais: um contêiner, transportado por um caminhão em direção ao Porto de Natal; e em três galpões localizados no município de Parnamirim, atrás de paredes falsas. Sete pessoas foram presas em flagrantes, após a polícia identificar “movimentações atípicas” e a entrada de um caminhão com contêiner em um dos galpões. Também se descobriu que um deles foi alugado com documentos falsos.

No contêiner, a droga foi encontrada guardada da mesma forma que em outras apreensões: empacotada dentro de caixas de frutas (melões e mangas) e misturadas entre caixas “limpas”, se camuflando. A carga original de frutas é o principal produto de exportação do Porto de Natal.

Ao todo, 14,2 toneladas de cocaína relacionadas ao Porto de Natal foram apreendidas nesse período. Isso coloca o porto entre as principais rotas do tráfico internacional no Brasil, ao lado dos Portos de Santos (SP), que movimentou mais de 26 toneladas de cocaína, e do Porto de Paranaguá (PR), com mais de 14 toneladas – no caso desses dois portos, a quantidade citada leva em consideração apenas a droga encontrada dentro desses locais.

Entre novembro do ano passado e novembro desse ano, mais uma outra tonelada de cocaína interceptada tem relação com Natal, mas não com o porto. Em junho, um barco de pesca com registro no Rio Grande do Norte foi apreendido próximo a Cabo Verde, na África, pela polícia portuguesa com 1,1 tonelada de cocaína a bordo. Cinco potiguares foram presos em flagrante nesse barco. O destino também era a Europa.

Os principais países identificados pela Polícia Federal como recebedores da cocaína são Holanda e Bélgica. A apreensão deste sábado revelou, contudo, a Dinamarca como destino. O Porto de Algeciras, na Espanha, também já recebeu cargas traficadas pelo território potiguar. A origem dessa droga é dos cartéis bolivianos, peruanos e colombianos, acredita a PF.

A TRIBUNA DO NORTE tentou entrar em contato com a Polícia Federal desde a manhã desta segunda-feira (9) para detalhar a relação entre diversas apreensões de cocaína realizadas em Natal e na região metropolitana. No entanto, não houve respostas até o fim desta edição.

* Luiz Henrique Gomes – Repórter – Tribuna do Norte

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