No dia em que os policiais militares completam dez dias aquartelados, sem sair às ruas, o Rio Grande do Norte viveu uma onda de arrastões, roubos e saques nas suas principais cidades.
Em Natal, uma loja de departamentos foi alvo de um grupo de bandidos que, em arrastão, quebraram vitrines e roubaram telefones celulares que estavam expostos para venda.
Uma delegacia da capital também foi alvo dos bandidos. Durante a madrugada, bicicletas e peças de motos que estavam no pátio da delegacia foram roubadas. As motos, que haviam sido apreendidas e estavam sob guarda da polícia, tiveram seus pneus levados pelos bandidos.
Em Mossoró, segunda maior cidade do Estado, bandidos arrombaram e saquearam lojas no centro da cidade. Um carro foi utilizado para forçar o portão de metal de uma loja de roupas multimarcas, enquanto assaltantes entraram e roubaram parte da mercadoria. As informações são de JOÃO PEDRO PITOMBO – Folha de São Paulo.
Em uma outra loja, de roupas masculinas, a porta de vidro foi arrombada pelos bandidos, que levaram várias peças de roupas.
“Ainda estamos contabilizando os prejuízos. Levaram muita coisa”, disse à Folha a gerente da loja, Marta Dias.
Também houve tentativas de arrombamento de uma loja de telefones celulares e uma concessionária de veículos.
Em Nísia Floresta, cidade da região metropolitana de Natal, o prefeito Daniel Marinho (PSDB) teve seu carro roubado por assaltantes quando chegava a um evento.
Segundo a Secretaria de Defesa Social, foram registrados 450 roubos do Estado desde o início da greve, incluindo saques e arrombamentos.
SEM POLÍCIA
Os roubos aconteceram um dia dois dos policiais aprovarem em assembleia a manutenção da paralisação. Cerca de 8 mil policiais e 500 bombeiros militares estão sem trabalhar.
Um grupo de servidores iniciou um protesto no início da tarde desta quinta em frente à governadoria. Com auxílio de um carro de som, os servidores gritam “eu não sou escravo, pague o meu salário”.
Para retomar o patrulhamento das ruas, os policiais exigem que o governo reequipe os quartéis com carros e equipamentos de proteção individual como armas, munições e coletes à prova de bala.
A paralisação foi iniciada após o governo atrasar os salários de novembro e não pagar o décimo terceiro salário dos policiais e demais servidores estaduais.
Até esta terça, o governo do Estado pagou o mês de novembro apenas para os policiais com rendimentos de até R$ 3.000, deixando 33% da tropa sem salário.
O governo potiguar negocia com o governo federal um aporte de R$ 600 milhões para pagar os salários dos servidores. A operação financeira, contudo, foi vetada pelo Ministério da Fazenda por recomendação do TCU (Tribunal de Contas de União).
O patrulhamento das ruas das maiores cidades do Estado está sendo feito por 190 agentes da Força Nacional.