Potiguar, João Filipe foi diagnosticado dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 3 anos de idade. Antes disso, no entanto, ele já mostrava um hiperfoco em música, ou seja, um interesse intenso e específico no tema, contaram os pais.
O amor pela música clássica, em especial, foi despertado pelo avô paterno.
“No dia que no que meu pai colocou uma orquestra pra ele ver, ele se apaixonou. E, desde então, lá em casa é música clássica de manhã, de tarde e de noite”, contou o pai do menino, Filipe Dantas.
Segundo a família, João Filipe começou a praticar em casa, sem o auxílio de profissionais do ramo, a regência de orquestras, como uma brincadeira – mas que era levada a sério por ele. Assim, começou a desenvolver as habilidades como maestro.
O gosto pelas orquestras é tamanho, que a música clássica virou tema de aniversário dele, incluindo uma apresentação como maestro para os convidados.
A história dele chegou aos ouvidos de músicos da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, que o convidaram para uma apresentação, dando início à carreira precoce do pequeno maestro.
“Alguns meses atrás, o João ficava brincando de orquestra com os papéis que ele pedia para eu imprimir, e hoje ele está regendo com uma orquestra de verdade, sendo convidado por maestro de verdade, para fazer aprsentações, ou apenas para conversar. É algo que me deixa muito feliz”, disse a mãe de João, Janaína Dantas.
“Ele é apaixonado por isso, tem esse sonho de ser maestro, então é uma coisa que a gente quer investir”, disse o pai, Filipe Dantas.
Maestro João Carlos Martins se emociona com menino potiguar
Encontro com João Carlos Martins
João Filipe e João Carlos Martins se conheceram em abril deste ano, quando o maestro e pianista, referência na música clássica brasileira, se apresentou pela primeira vez em Natal, tocando piano em um evento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio). Na oportunidade, o maestro convidou o menino para subir ao palco.
“Me falaram que ele tinha intuição musical, eu chamei-o no palco, comecei a tocar ‘Ária da quarta Corda’ [de Bach], e ele fez o gesto direitinho. Quinze dias depois, eu mandei uma gravação da ‘Pequena Serenata Noturna’, de Mozart, e disse para o pai dele: ‘Veja se ele experimenta reger isso’. Uma semana depois, o pai me mandou ele regendo com a gravação”, contou o maestro João Carlos Martins.
A dedicação e a capacidade do menino fizeram com que o maestro formalizasse o convite para João Filipe se apresentar com ele em São Paulo.
“Eu falei: ‘Eu vou fazer uma coisa que talvez não aconteceu – no Brasil certamente – talvez no planeta. Um menino [regendo]’. Isso é porque nós queremos quebrar tabus, adversidades”, disse o maestro.
Apresentação em SP emocionou maestro
O maestro e pianista João Carlos Martins, que é o regente oficial da Orquestra Bachianna do Sesi-SP, se emocionou após a apresentação de João Filipe no palco. O menino potiguar foi responsável por reger a “Pequena Serenata Noturna”, de Mozart.
Ao fim da apresentação, ao ser aplaudido de pé pelo público, o menino foi às lágrimas e fez o maestro chorar junto.
“João Filipe demonstrou o poder da música. E eu percebi que ele não esperava essa reação do público. Quando ele viu a reação, aí não era só o coração, tocou em todo o corpo dele”, disse João Carlos Martins.
O maestro disse que a partir da próxima semana o menino vai iniciar os estudos de música clássica e que será monitorado por ele.
“Esse menino vai fazer história no Brasil”, afirmou.
Sempre admirei o pianista. Devido a sua superação, passei a admirar o maestro e pianista. Mas ele sempre está superando minha capacidade de admirá-lo. Incondicionalmente.