Shows com aglomeração crescem mesmo com repique da Covid-19; saiba os riscos

Show, por enquanto, não são recomendados por especialistas da Saúde

A união entre música alta e aglomeração era um dos cenários favoritos de muitas pessoas até o início deste ano. No entanto, durante a pandemia do novo coronavírus, esse mesmo lugar se tornou um dos pesadelos de especialistas.

Nas últimas semanas, os nomes de algumas celebridades repercurtiram nas redes sociais por conta de imagens de shows lotados.

rapper Djonga e o pagodeiro Ferrugem foram dois cantores que se apresentaram em meio a aglomerações, justamente em um momento em que número de casos da Covid-19 têm crescido em mais de 20 estados brasileiros.

No perfil que mantém no Twitter, Djonga confirmou a realização do show no sábado (5), no Rio de Janeiro, e disse que fez o evento para aqueles que precisam sair para trabalhar e para os que também têm direito ao lazer.

“Se for totalmente inaceitável o que fiz, nada que eu fale vai resolver”, disse em rede social.

Por causa da repercussão, o artista acabou excluíndo a conta na rede social. “Eu não sei mexer naquele lugar lá, não. Tem muita gente que só quer humilhar, só quer ofender. E eu não tenho a maturidade ainda. Desculpa qualquer parada”.

Já o pagodeiro Ferrugem se apresentou no Espaço Cultural Porto da Pedra, em São Gonçalo, também no Rio. O evento chegou a ser divulgado em suas redes sociais nos dias que o antecederam. O cantor não se pronunciou sobre o assunto.

A partir de vídeos reproduzidos na internet, é possível perceber que a ampla maioria do público não usava máscaras de proteção e o distanciamento social não foi respeitado.

No Rio de Janeiro, um show da cantora Cláudia Leitte, organizado por uma empresa privada, é aguardado para o pré-revéillon deste ano. A empresa afirma que o evento será feito de acordo com a legislação vigente na época.

O que dizem especialistas

Médicos, pesquisadores e outros profissionais da saúde não recomendam aglomerações – principalmente as grandes – neste momento.

“O perigo [das multidões] é que nós estamos com a taxa de transmissão elevada, acima de 1: o vírus está se expandindo”, explicou médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau.

Na quarta-feira (9), o Brasil registrou o maior aumento de casos diários desde agosto, com 53 mil confirmados em 24h. Até sexta-feira (11), 6.781.799 casos de Covid-19 foram registrados no país e 179.765 morreram pela doença.

O especialista destaca que, por diversos motivos, o ambiente dos shows é extremamente propício para a propagação do vírus.

A máscara não pode ser pensada como medida exclusiva de proteção. O cuidado deve ser associado também ao distanciamento físico e higiene adequados para a efetividade esperada.

“O uso da máscara é uma medida que atenua a transmissão. Entretanto, em situações de aglomeração, é difícil que você consiga manter a máscara bem ajustada ao rosto e, sobretudo, é um ambiente onde as pessoas vão ter o costume de falar alto, gritar, cantar. Quando se faz isso, a capacidade de espalhamento das partículas do vírus aumenta”, disse.

“Nós não recomendamos, de maneira nenhuma, qualquer tipo de aglomeração sob qualquer hipótese neste momento”, afirmou Stanislau.

As opções de entretenimento

O entretenimento é um dos setores mais lucrativos no Brasil. Milhares de shows ocorrem todos os meses e movimentam a economia nas mais diversas regiões do país.

A pandemia foi um golpe duro para a indústria, que viu todos os planos para 2020 serem cancelados. Cinemas, shows, exposições, entre outras formas de lazer se tornaram locais de alto risco de transmissão da Covid-19, o que gerou sanções sanitárias.

Após quase nove meses de pandemia e muitos estudos sobre o SARS-CoV-2, o entretenimento tem se adaptado às restrições da realidade.

Um formato que foi amplamente explorado pelo cinema, por exemplo, foi o método drive-in. Os espectadores têm assistido a filmes de dentro dos carros, mantendo-se assim uma distância segura entre as pessoas.

Para os shows, entretanto, esse formato não foi tão popular. Alguns artistas chegaram a fazer apresentações com o método, mas o público não se empolgou tanto com a experiência. Logo percebeu-se também que os shows drive-in eram muito caros e não compensavam os gastos.

Rafaella Oliveira, de 21 anos, contou sua experiência em um show de modo drive-in: “A experiência em si foi legal, foi a primeira coisa que eu fiz de diferente depois da quarentena. É interessante, mas não é o mesmo sentimento de ir em um show comum. Parece que você está no carro com seus amigos escutando música”.

“Eu achei legal mas eu não iria de novo”, completou.

Uma forma curiosa de manter as programações, adotada em alguns países, foi a formação de “cercadinhos”, que permitem o distanciamento social entre grupos de pessoas para assistir a shows.

Agora, os olhos estão voltados para as festas de fim de ano. As comemorações do Ano Novo são conhecidas pelos shows nas principais cidades do país, com grandes artistas. A maioria delas cancelou os eventos por conta do novo aumento de infecções do novo coronavírus.

O estado da Bahia, por exemplo, vetou a organização de comemorações, independentemente do número de pessoas que participariam do evento.

No Rio de Janeiro, uma das apresentações que se mantém de pé é a da cantora Cláudia Leitte, no pré-revéillon, em comemoração organizada por uma empresa privada.

O site do evento, onde são vendidos ingressos que vão de R$ 170 a R$ 1.180, não especifica o formato do show.

“O evento será feito de acordo com a legislação da época. Podendo ser no formato pista, área vip, mesas altas, quadrado com distânciamento ou o que estiver vigente no momento pelo decreto municipal ou estadual da cidade do Rio de Janeiro”. A única especificação é que o uso de máscaras será obrigatório.

No momento, a maioria das legislações estaduais permite apenas shows com todo o público sentado, em cadeiras designadas, com até 60% da capacidade do estabelecimento ocupada.

CNN Brasil

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