O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) devem participar da Marcha para Jesus, maior evento evangélico da América Latina, que acontecerá nesta quinta-feira (30) em São Paulo.
A marcha atrai dezenas de políticos e já contou com a presença de Tarcísio e de Nunes em anos anteriores —ambos costumam fazer acenos aos evangélicos. Não está certo, contudo, se eles discursarão.
Pré-candidato à reeleição neste ano em uma aliança de partidos de centro e da direita, com o apoio de Jair Bolsonaro (PL), Nunes tem larga vantagem entre o público evangélico em comparação com os principais adversários, segundo pesquisa Datafolha de março.
Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) não devem comparecer ao evento. A deputada federal vai à missa e procissão de Corpus Christi na Paróquia São Francisco Xavier, na Vila Missionária (zona sul), onde ela cresceu.
No ano passado, o representante de Lula (PT) na marcha, o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, foi vaiado ao mencionar o presidente.
Segundo aliados, Bolsonaro, que esteve na Marcha para Jesus em 2019 e 2022, não deve comparecer neste ano —ele também esteve ausente em 2023. Durante o feriado de Corpus Christi, o ex-presidente fará um giro pelo interior de São Paulo em mobilizações com a justificativa de arrecadar doações para o Rio Grande do Sul.
No ano passado, Nunes faltou ao principal evento do segmento evangélico por causa de uma viagem à França em que fechou um contrato para trazer a São Paulo um campeonato de automobilismo.
Se neste ano Tarcísio e Bolsonaro atuam como os principais cabos eleitorais de Nunes, em 2022 o prefeito recepcionou na marcha a então presidenciável Simone Tebet (MDB), que apoiava. Na ocasião, Nunes, que é católico e conservador, afirmou que São Paulo é uma cidade “abençoada” e que “acolhe a todos”.
Tarcísio esteve presente na Marcha para Jesus nos últimos dois anos. Em 2023, foi aplaudido pelo público e recebeu uma declaração do apóstolo Estevam Hernandes, organizador do evento, que afirmou no palco: “Tarcísio, eu te amo”.
Na ocasião, o governador, que é filiado ao Republicanos do pastor licenciado Marcos Pereira, ajoelhou-se com as mãos ao alto, em sinal de oração. Citou trechos da Bíblia e anunciou uma profecia: “Essa é a grande palavra profética de hoje, que Deus vai abençoar a casa de vocês, o projeto de vocês, e São Paulo”.
Em fevereiro, o governador havia se reunido com os organizadores da marcha. Segurando a camisa oficial da edição deste ano, Tarcísio gravou um vídeo convidando a população para o evento.
“Uma grande oportunidade de a gente agradecer, louvar nosso senhor Jesus Cristo, mostrar que São Paulo é do nosso Senhor Jesus”, disse.
No encontro, o governador também participou de uma oração com os apóstolos Estevam Hernandes e Cesar Augusto e com a bispa Sonia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, que pediram bênçãos para o governo.
Em março do ano passado, Tarcísio sancionou um projeto de lei que tornou a marcha um patrimônio cultural imaterial do estado. O texto argumenta que é responsabilidade do Estado “estimular, apoiar, preservar e divulgar as manifestações culturais, religiosas e expressões artísticas, inclusive as iniciativas populares”.
Católico, o governador intensificou a agenda com evangélicos durante a campanha de 2022, com reuniões com pastores, participação em eventos religiosos e inclusão de referências a Deus em seus discursos.
Na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora) do Brasil, em junho daquele ano, Tarcísio afirmou que a esquerda nega Cristo e ajoelhou-se no palco para receber uma oração especial feita pelo ex-senador e pastor evangélico Magno Malta (PL).
Pastores e padres participaram da campanha do governador, que, ao assumir o cargo nomeou secretários associados à pauta evangélica –foi o caso de Sonaira Fernandes (PL), Gilberto Nascimento Jr (PL) e Roberto de Lucena (Republicanos).