Tasso Jereissati diz que divergência dentro do PSDB vai persistir

Os senadores tucanos Aécio Neves e Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, durante reunião da executiva do partido em Brasília

Depois de um vídeo em tom de autocrítica ter provocado um novo “racha” entre os tucanos, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse à Folha que o clima de divergência no partido vai continuar.

“Não vai ter calmaria”, afirmou. “Vai ter muito barulho daqui para frente para gente sair renovado e em dia com a sociedade.”

Na última terça-feira (8), o PSDB divulgou um vídeo admitindo que cometeu “erros”, sem especificar quais foram os problemas. A peça de 30 segundos é uma chamada para um programa de 10 minutos que vai ao ar na próxima quinta-feira (17).

O tom adotado na mensagem, sob orientação de Tasso, gerou desconforto entre os tucanos e converteu-se no centro da reunião da executiva do partido na quarta (9).

Deputados que votaram contra o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer se sentiram diretamente atingidos pela mensagem. As informações são de TALITA FERNANDES, da Folha de são Paulo.

Já aliados do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da sigla, entenderam a admissão de culpa como uma provocação ao tucano, que é alvo de denúncia por corrupção e obstrução de Justiça enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Aécio ficou afastado das atividades parlamentares por mais de 40 dias depois de ter sido flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Tasso, contudo, afirma que o vídeo não tem como objetivo apontar erros específicos de nenhum parlamentar, mas fazer uma reflexão sobre os rumos tomados pelo PSDB nos últimos 30 anos.

“É preciso que o partido se renove mediante muita discussão e muita divergência. É isso que faz o partido manter os princípios”, disse.

“As discussões internas faz em parte da nossa história porque nós não temos dono. Somos um partido democrata, aberto, que não tem dono, não tem o patrono que dá uma palavra definitiva e todo mundo segue”, acrescentou.

O tucano lembra que a sigla surgiu no período pós-ditadura militar com o intuito de fazer oposição ao fisiologismo, mas acabou se aproximando desse modelo de fazer política.

O senador fala ainda que o PSDB precisa reviver processo semelhante ao que passou no governo Fernando Collor, no início dos anos 1990. Recém criada, a sigla passou por intenso debate sobre se deveria ou não apoiá-lo e acabou decidindo manter-se neutra.

Tasso nega que a imagem de divisão interna seja prejudicial ao PSDB e lembra que outras siglas –como PT e PMDB– também apresentam grandes divisões.

“Isso [o debate] já está trazendo muita gente que estava fora do partido, como gente da academia e estudantes para dentro do partido novamente. Gente querendo participar dessa discussão”, disse.

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