Driblando escândalos no Brasil em sua estada russa, Michel Temer ganhou de Vladimir Putin um presente de gosto duvidoso: ficará na suíte presidencial do hotel Ritz-Carlton, um dos mais luxuosos e bem localizados de Moscou.
Não se avalia aqui a qualidade, mas a história do quarto de 238 metros quadrados com vista para o Kremlin e a praça Vermelha. Foi aqui que o hoje presidente americano Donald Trump ficou hospedado em 2013 para acompanhar o concurso de Miss Universo na cidade.
Neste ano, um ex-agente de inteligência britânico alegou que Trump caiu no conto do “kompromat”, velha tática da Guerra Fria de produzir provas contra adversários. No caso, com prostitutas, algumas delas misses segundo o espião, que teriam visitado o então magnata na suíte em que Temer ficará. As informações são da Folha de São Paulo.
Os relatos, denunciados por Trump e pelo governo russo como “notícias falsas” e nunca comprovados, incluíam práticas sexuais pouco usuais.
Seja como for, parafraseando o ditado, renovou, está novo. E a suíte foi totalmente reformada pelo Ritz em 2015, ganhando novos mármores e amenidades, além de blindagem de seus vidros. Se foram retirados eventuais aparelhos de espionagem do FSB, a agência principal que sucedeu a famosa KGB soviética, essa é outra história.
O Ritz tem uma longa história quando o assunto é espionagem. Nos tempos soviéticos, o hotel era uma alta torre da rede estatal Intourist, feia e com quartos escuros recendendo a cigarro e a madeira velha. Assim como muitos hotéis russos até hoje, o lobby era território de prostitutas à caça de clientes.
Em 1957, o colunista americano Joseph Aslop foi fotografado numa de suas suítes fazendo sexo com um jovem soviético, só para ver a KGB bater à sua porta assim que terminou o ato. O garoto era um agente, que lhe dera um golpe para provocar um escândalo, já que sua homossexualidade era um segredo de polichinelo que levou à tumba. Acabou escapando ileso, se refugiando na Embaixada dos EUA.
Em 2007, o Intourist foi totalmente reformado e reaberto como o carro-chefe da rede norte-americana de luxo Ritz-Carlton na Rússia. A opulência de seus 334 quartos é famosa, e os mais baratos começam em R$ 2.000 a diária em sites de pesquisa agregada de preços de hotéis.
A suíte presidencial custa aproximadamente R$ 60 mil por dia, mas esse é um valor estimado, pois muda dependendo do pacote aplicado. No caso de Temer, saiu de graça: o governo russo ofereceu a hospedagem.
Os demais ministros que acompanham o presidente também ficarão no hotel, mas em suítes mais modestas –havia algumas por R$ 3.000 à disposição para as datas da visita.