A terça-feira (28) foi marcada por paralisações de trabalhadores de empresas terceirizadas que prestam serviços aos hospitais da rede pública de saúde do Rio Grande do Norte. Os profissionais afirmam que há atrasos nos salários e nos pagamentos de benefícios, como o vale-alimentação. No Hospital Santa Catarina, funcionários da Justiz iniciaram ontem o movimento paredista, que havia começado em outras unidades na segunda-feira (27). Por conta dos atrasos, novos protestos ocorreram na Avenida Senador Salgado Filho, na altura do Walfredo Gurgel, e também no Centro Administrativo do Governo do Estado.
A TRIBUNA DO NORTE esteve no Hospital Santa Catarina na manhã desta terça-feira. O movimento de pacientes, na ocasião, era tranquilo. Funcionários que preferiram não se identificar disseram à reportagem que apenas dois maqueiros têm trabalhado na unidade nos últimos dias. Há atrasos de dois meses nos salários, vale-alimentação e vale-transporte. Na Justiz, são três meses de salários atrasados e férias não quitadas. “Teve gente que tirou férias, retornou e não recebeu”, disse um funcionário.
Segundo a Justiz, entraram em greve os trabalhadores da cirurgia geral do Santa Catarina – 30% dos trabalhadores estão em atuação, em conformidade com a lei de greve. Na segunda-feira, paralisaram as atividades os profissionais da empresa que prestam serviços nos hospitais Walfredo Gurgel (higienização) e João Machado (enfermagem), em Natal, e Lindolfo Gomes Vidal (cirurgias), em Santo Antônio, na região Agreste. Estes últimos retomaram as atividades nesta terça-feira, após o pagamento de parte dos valores em atraso, conforme informou a empresa.
Além da Justiz, de acordo com o Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares (SindHoteleiros-RN), a situação de atrasos também afeta vários outros serviços. Dos quatro meses de atraso no vale-alimentação das merendeiras, apenas um foi pago esta semana pelo Governo do Estado. Há atrasos no repasse do FGTS e no pagamento de férias de merendeiras e nutricionistas. Também há débitos com a empresa Fortex, incluindo atrasos nos salários e no vale-alimentação. A JMT, por sua vez, não teria recebido repasses da Prefeitura de Natal para quitar os salários de dezembro de 2024 e quatro meses de atraso no vale-alimentação de cozinheiros, copeiros e profissionais da nutrição. “Enquanto a situação não mudar, continuam as greves e os protestos”, disse Sandoval Lopes, do SindHoteleiros.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) e a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS/Natal) para obter um posicionamento sobre os débitos. A SMS informou, no final da manhã de ontem, que o repasse referente ao pagamento do mês de dezembro de 2024 para os funcionários da empresa havia sido realizado e que os valores já estavam sendo creditados nas contas dos trabalhadores. A Sesap não respondeu aos questionamentos feitos.