Vaccarezza avisaria a Lula de acerto entre PP, PT e PMDB

Lula

Um relatório feito pelos lobistas Jorge e Bruno Luz e recolhido pela Polícia Federal na operação Abate aponta que o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza havia se comprometido a informar ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o acerto feito entre PT, PMDB e PP na diretoria de Abastecimento da Petrobras, em um negócio de “securitização de petróleo” de interesse da multinacional Trafigura Group. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

No relatório, os operadores do PMDB escrevem: “Houve ontem uma reunião PP, PT e PMDB onde ficou combinado que o Dep. Vacari vai falar com o presidente Gabrielli sobre o assunto da securitização. Ontem o Dep. Vacareza ficou de reunir-se com o presidente Lula para conversar sobre o mesmo tema e dizer que os 3 partidos estão de acordo com a operação. (SIC)”.

O relatório seria de uma reunião com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O negócio em questão estava no portfólio de interesses do “grupo criminoso” que formatou a Brasil Trade, uma futura empresa que, segundo investigadores, seria usada pelos lobistas, em parceria com o advogado Tiago Cedraz, executivos da estatal e operadores de propinas para políticos. 

“Havia intenção de concretização de uma operação com a empresa Trafigura que envolvia a secutirização de petróleo, que, em linhas gerais, serviria como uma operação para venda de petróleo e disponibilização de dinheiro para a Petrobras”, diz o delegado da Filipe Hille Pace.

A parceria garantiu, em 2010, contratos de quase US$ 1 bilhão à norte-americana Sargeant Marine, de acordo com a investigação, mediante pagamentos de propinas. A Vaccarezza é atribuído o recebimento de US$ 500 mil no negócio.

Para membros da Lava Jato, o relatório que cita a suposta reunião com Lula aponta como partidos da base do governo petista confundiam o caráter político das indicações de cargos na Petrobrás, com negociatas que resultavam em propinas.

“Verificou-se que os operadores financeiros Jorge Luz e Bruno Luz atuavam em todas as esferas da Petrobras e em nome e benefício das agremiações políticas que dominavam as maiores diretorias da estatal (PT, PMDB e PP)”, aponta Filipe Hille Pace.

A Lava Jato já descobriu que os três partidos da base arrecadavam de 1% a 3% de propinas em grandes contratos da Petrobras, mediante loteamento das diretorias de Abastecimento, Serviços e Internacional.

Tanto o ex-presidente Lula quanto o ex-deputado Cândido Vaccarezza negam qualquer irregularidade. O petista disse, em depoimento ao juiz Sergio Moro, que não tinha conhecimento dos ilícitos praticados na Petrobras e que as indicações de diretores eram dos partidos. Já Vaccarezza, também em depoimento, negou ter recebido propina e disse que “todos os bens que entram em sua casa são fruto apenas de seu trabalho”.

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