De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE em 2019, as mulheres dedicam, em média, mais de 21 horas semanais aos afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas, enquanto os homens dedicam apenas 11 horas. Entre as mulheres negras, essa carga de trabalho é ainda maior, agravando desigualdades de raça e classe na divisão sexual do trabalho. É para debater essa questão que a ALRN, através do mandato da deputada Isolda Dantas (PT), promove audiência pública sobre O trabalho do cuidado, na próxima terça-feira (13), às 14h no auditório da Casa.
O debate busca trazer reflexões e propor encaminhamentos para a questão. “O trabalho de cuidado é um elemento essencial para a sustentação da vida e do funcionamento da sociedade. No entanto, sua distribuição é profundamente desigual, recaindo de maneira desproporcional sobre as mulheres, especialmente as negras e periféricas”, justificou a parlamentar.
Isolda, em sua justificativa para propor a audiência, afirmou que o trabalho de cuidado segue sendo desvalorizado e precarizado. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 76,2% do trabalho de cuidado no mundo não é remunerado, sendo 80% realizado por mulheres.
No Brasil, as trabalhadoras do cuidado remunerado, como cuidadoras de idosos, babás e empregadas domésticas, estão majoritariamente na informalidade, com baixa remuneração e acesso precário a direitos trabalhistas.
Além disso, o Brasil enfrenta um acelerado processo de envelhecimento populacional, aumentando a demanda por cuidados de longo prazo. Ao mesmo tempo, a oferta familiar de cuidados está diminuindo devido ao crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho e à redução do tamanho das famílias. “Esses fatores compõem um cenário de crise dos cuidados, que exige respostas estruturantes do Estado para garantir que o cuidado seja tratado como um bem público e um direito fundamental”, afirmou a deputada.