Brasileira que mora na Bolívia relata clima de insegurança e medo após tentativa de golpe

Segundo Karla, além dos conflitos, a comunicação ficou complicada, o que causou ainda mais preocupação. O sinal do celular dela caiu, e as conexões via internet ficaram ruins após o conflito. “Um cenário de muita instabilidade”, disse.

A jornalista contou também que viu muitos bolivianos em filas de caixas eletrônicos. Segundo ela, a população está insegura em relação ao que pode acontecer com o dinheiro que possui nos bancos.

“Como a gente está passando por uma crise econômica na Bolívia há alguns meses, a gente está vivenciando esse cenário de bloqueios, de protestos, de manifestações há muito tempo em vários departamentos aqui na Bolívia, principalmente aqui em La Paz”, contou.

Karla contou que depois que a tentativa de golpe ocorreu, ela e a família se mantiveram trancados em casa, mas que parte da população foi às ruas para protestar.

“Não se fala em outra coisa a não ser sobre esse episódio que a gente acabou testemunhando aqui, de insegurança, de medo, de receio total do que vai vir, do que pode acontecer nos próximos dias”, disse.

Karla se mudou para La Paz há cerca de dois meses para trabalhar. Nascida em Natal (RN), ela é filha de pai boliviano e mãe potiguar. Ela viveu até 2021 na capital potiguar até se mudar para São Paulo, onde estava antes de seguir para a Bolívia.

 

O que aconteceu?

 

Presidente da Bolívia denuncia golpe do Exército

A tentativa de golpe, segundo o governo, foi arquitetada pelo general Juan José Zuñiga, afastado do cargo de comandante do Exército após fazer ameaças ao ex-presidente Evo Morales — ele afirmou que predenderia Morales caso o ex-presidente volte ao poder.

Em pronunciamento, Luis Arce destituiu o general e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica, nomeou novos chefes para as forças e ordenou a desmobilização das tropas. A Procuradoria-geral da Bolívia anunciou que abriu uma investigação penal contra Zuñiga e os militares que participaram da tentativa de golpe.

O novo comandante do Exército nomeado pelo presidente boliviano desmobilizou as tropas, e os tanques começaram a se retirar do palácio presidencial e da praça Murillo, em frente ao palácio.

Zuñiga, que foi à praça Murillo disse a TVs locais que o movimento era uma “tentativa de restaurar a democracia” na Bolívia e de libertar prisioneiros políticos.

A Suprema Corte da Bolívia também condenou a tentantiva de golpe e pediu à comunidade internacional que se mantenha “vigilante e apoio a democracia na Bolívia”.

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que rompeu com Arce no ano passado mas faz parte do mesmo movimento do atual presidente, afirmou tratar-se de um golpe de Estado. Segundo Morales, um regimento rebeldo do Exército chegou a colocar francoatiradores em uma praça de La Paz.

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