O Grupo Carrefour registrou nesta segunda-feira (11) um Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil do Rio Grande do Norte acerca da invasão de um movimento popular num supermercado do grupo, ocorrido no último sábado (09), na zona Norte de Natal. A informação foi confirmada pela PCRN à TRIBUNA DO NORTE, que informou que o B.O vai apurar se a ação registrou algum dano ou prejuízo à unidade. O ato também foi registrado em outros estados, como São Paulo, Alagoas, Pará, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Goiás, Ceará, Santa Catarina e no Distrito Federal.
Entidades representativas do setor e do comércio reagiram e repudiaram a ocupação, ocorrida no último sábado e que contou com mais de 300 militantes vinculados ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), reivindicando doações de alimentos do estabelecimento. A Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn) emitiu uma nota repudiando o ato e cobrou mais segurança para o comércio. Para a Associação, o ato é “uma lástima ver que essa ação tem se tornado recorrente no período de fim de ano. A Segurança Pública e demais autoridades precisam tomar medidas cabíveis e urgentes para evitar situações semelhantes em outros estabelecimentos comerciais”, publicou em nota.
Além da ASSURN, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN) também se posicionou sobre o ocorrido, ainda no sábado. De acordo com a Fecomércio, “pelas características dos estabelecimentos comerciais, que precisam estar abertos e acessíveis ao público, nosso segmento é naturalmente vulnerável a ações desse tipo. Esperamos que as forças de segurança pública e as autoridades em geral adotem medidas cabíveis, a fim de coibir imediatamente que esse tipo de iniciativa se repita, sobretudo neste período do ano, onde há grande movimentação no comércio”, esclareceu em nota.
A Federação, além de repudiar o ato, finaliza o comunicado deixado claro a necessidade de reforçar a segurança do comércio: “É necessário um ambiente de segurança e respeito ao direito de propriedade, protegido constitucionalmente, para que os empreendedores possam manter suas atividades e investimentos com tranquilidade e segurança jurídica no nosso Estado”, diz a Fecomercio.
Em nota enviada à TRIBUNA DO NORTE, o Grupo Carrefour disse que sempre manteve diálogo aberto com as lideranças do movimento, “com o qual tem contribuído anualmente, toda vez que as respectivas lideranças nos procuraram”.
“A decisão pela realização das manifestações no sábado, 9/12, nos surpreendeu, uma vez que este ano não fomos procurados pelo movimento. O combate à fome e à desigualdade é um dos pilares prioritários do Grupo, compromisso mantido com inúmeros parceiros que têm dialogado com a empresa de forma permanente, em todas as regiões do País. Somente este ano doamos mais de 3.600 toneladas de alimentos, equivalente a mais de 14 milhões de refeições complementares”, disse o Grupo Carrefour.
De acordo com o movimento, a justificativa era uma ação da campanha “Natal sem fome e sem miséria”, que ocorre anualmente. Segundo os organizadores, a rede de hipermercados francesa Carrefour “se notabilizou, nos últimos anos, por casos de racismo, homofobia, agressão, violência moral e humilhação e até de homicídio”, referindo-se ao caso João Alberto, homem negro de 40 anos que foi espancado e morto por seguranças numa unidade em Porto Alegre.
“Nesta época do ano, é comum assistirmos pela TV cenas de mesa farta e presentes nas reuniões familiares. Mas a verdade é que grande parte das famílias brasileiras passará o Natal com fome ou sem a certeza de um prato de comida em todas as refeições”, diz nota do MLB.