A tão aguardada programação do São João de Assú 2025, anunciada oficialmente no Cine Teatro Pedro Amorim, gerou mais frustração do que festa. Nas redes sociais, teve gente que gostou, e teve pessoas que reagiram com críticas à seleção de atrações, classificando o evento como “fraco” e “abaixo do esperado”.
O questionamento maior foi que faltaram nomes tradicionais da música nordestina, como Xand Avião, Wesley Safadão e Dorgival Dantas. Sobrou, segundo muitos, artistas pouco conhecidos e uma baixa representatividade do forró, ritmo que é a alma da festa. A escolha de atrações como Alok também foi alvo de questionamentos: “Com o cachê dele, dava pra trazer duas bandas de forró de peso”, comentou uma seguidora.
Mas o que mais chamou atenção foi outra coisa: a reação agressiva de alguns aliados da gestão Lula Soares diante das críticas. Ao invés do debate, veio o ataque. A discordância virou ofensa. E isso diz muito sobre o momento que vivemos.
Após publicações apontando os problemas da programação, surgiram comentários inflamados, como se questionar algo fosse um crime. Mas é bom lembrar: discordar não é ser contra. Criticar não é destruir. Muitas vezes, é justamente o contrário — é querer melhorar.
A história nos ensina os perigos de quando a paixão vira cegueira. Na Alemanha nazista, a idolatria a um líder e o silêncio diante do absurdo resultaram em uma tragédia sem precedentes. Claro, vivemos um contexto bem diferente — mas a intolerância ao pensamento crítico, mesmo em pequenas doses, é um alerta.
Quando não se pode mais opinar sem ser atacado, quando só um lado pode falar, quando um líder é tratado como intocável — já não estamos mais numa democracia saudável.
O São João de Assú é uma das festas mais bonitas do RN. A cultura local é forte, rica, cheia de história. E exatamente por isso, merece ser celebrada — mas também debatida.
Porque quem ama de verdade o que é seu, não se ofende com a crítica — aprende com ela.