Governistas querem usar CPMI para convocar Bolsonaro e disputam relatoria com grupo de Lira

Prevista para ser instalada na próxima quarta-feira, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas já tem seus cargos-chave cobiçados por diferentes setores do Congresso. A base do governo, que quer mirar no ex-presidente Jair Bolsonaro e não descarta convocá-lo para depor, tem o desejo de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja o relator. Por outro lado, parlamentares do “blocão” do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentam fazer com que o deputado André Fufuca (PP-MA) exerça a função.

A relatoria da CPI mista é um posto estratégico porque cabe ao parlamentar que exerce a função definir os rumos do colegiado. Entre as funções, estão: elaborar o plano de trabalho, que trará a previsão de pessoas que serão convocadas e convidadas e as linhas de investigação que a comissão pretende mirar. Parlamentares governistas não escondem o desejo de convocar Bolsonaro.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), que chegou a apresentar um pedido de CPI sobre o mesmo tema na Câmara, disse que o ex-presidente é “o principal interessado e articulador” dos ataques.

“Oito de janeiro foi uma tentativa de golpe articulada pela ultra direita após a derrota eleitoral. Desde a tentativa de impedir a diplomação, com ataques inclusive à sede da PF em Brasília, a minuta do golpe para depor o TSE e as concentrações consentidas por generais golpistas nos quartéis. O principal interessado e articulador foi Bolsonaro. Terá de depor na CPMI”, disse o petista.

A avaliação de obrigar Bolsonaro a falar à CPI mista também é compartilhada por outros deputados do PT, como Rui Falcão e Jilmar Tatto. Além de Bolsonaro, outros alvos que já são consenso da base são Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e os financiadores dos atos golpistas.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro e pregaram um golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo tentou impedir a instalação da CPI mista para evitar que bolsonaristas reverberassem versões contra o Palácio do Planalto.

A mudança aconteceu após a divulgação de vídeos em que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias aparece em contato com invasores dentro do Planalto. Os vídeos foram revelados pela “CNN Brasil” e causaram a saída de Dias do cargo.

Para integrar a CPMI, o Planalto pretende reescalar o time que comandou a CPI da Covid do Senado em 2021. Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz estão entre os prováveis nomes do novo colegiado. Deputados como Lindbergh Farias (PT-RJ) e André Janones (Avante-MG) também têm interesse em fazer parte da tropa de choque do governo.

Em relação à relatoria, Renan evita falar sobre a participação dele na CPMI, mas integrantes da base de Lula não escondem a preferência pelo seu nome. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse ao jornal O Globo que ter o emedebista na relatoria “seria o melhor” para o Poder Executivo. Lindbergh também chegou a citar o nome do senador na relatoria na última quinta-feira.

Já o bloco de Lira na Câmara, que tem PP, União Brasil, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Avante, Patriota e PSB, se reuniu na semana passada e decidiu que vai tentar colocar André Fufuca para ser o relator. O deputado é o líder do PP na Casa. Apesar de ter diálogo com o Planalto, ele é considerado mais próximo de Lira do que do governo.

Já o bloco de Lira na Câmara, que tem PP, União Brasil, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Avante, Patriota e PSB, se reuniu na semana passada e decidiu que vai tentar colocar André Fufuca para ser o relator. O deputado é o líder do PP na Casa. Apesar de ter diálogo com o Planalto, ele é considerado mais próximo de Lira do que do governo.

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