O governo de Israel informou, na quarta-feira (18), que vai liberar ajuda humanitária “limitada” à Faixa de Gaza a partir do Egito. Esta é a primeira brecha desde o “cerco total” imposto por Israel, há 11 dias, sobre o território palestino. O presidente Joe Biden afirmou que o Egito aceitou cooperar e abrir a fronteira, na cidade de Rafah, para a passagem de 20 caminhões. De acordo com o jornal israelense Haaretz, Biden disse que o líder egípcio alertou que suspenderá a medida caso o Hamas confisque os itens dirigidos à população civil.
O cerco à Faixa de Gaza veio como retaliação após os ataques de 7 de outubro praticados pelo grupo extremista Hamas, que deixaram mais de 1,4 mil mortos em Israel. Água, comida, energia e combustível estavam proibidos de entrar em Gaza. Forças israelenses também contra-atacaram com bombardeios diários, matando mais de 3 mil palestinos.
Segundo a ONU, os ataques e o cerco de Israel representam “crimes de guerra” e levam a uma “catástrofe humanitária sem precedentes” na Palestina. O conflito agravou-se na segunda-feira (17/10), quando um míssil atingiu um hospital em Gaza. De acordo com palestinos, o bombardeio matou pelo menos 500 pessoas, na maioria mulheres e crianças.
De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, a decisão de permitir ajuda limitada a partir do Egito foi tomada após um pedido formal do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em visita a Israel.
O gabinete de Netanyahu também informou que o exército israelense não impedirá as entregas de alimentos, água ou medicamentos, desde que não sejam destinadas a militantes do Hamas – apenas devem receber ajuda os civis que estejam no sul da Faixa de Gaza. Na cidade de Rafah, único caminho entre Gaza e Egito, caminhões cheios de mantimentos aguardam há dias para passar, mas, segundo o governo egípcio, a instalação tem capacidade limitada e vem sendo danificada por ataques aéreos de Israel.
AMEÇA DE BOMBA
Seis aeroportos foram parcialmente ou totalmente esvaziados na quarta-feira, 18, na França, devido a alertas de bomba. O pais está sob alerta de “emergência para atentado” desde sexta-feira, 13, quando um professor foi assassinado em um suposto ataque islamita. Os aeroportos que registraram ameaças de bomba foram os das cidades de Lille, Lyon, Nantes, Nice, Toulouse e Beauvais. As supostas ameaças foram recebidas por e-mail, informou uma fonte da polícia à AFP.
As embaixadas dos Estados Unidos e de Israel na Argentina foram esvaziadas, nesta quarta-feira, após duas ameaças de bomba recebidas por e-mail, informaram os jornais Clarín e La Nación. Esquadrões antibomba foram relatados nos locais.
Protestos eclodiram em diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África na noite da terça-feira, 17, após uma explosão em um hospital na Faixa de Gaza ter matado centenas de civis. Foram registrados protestos no Líbano, Jordânia, Tunísia, Turquia, Irã e na Cisjordânia. Em sua maioria, os atos se concentram diante de embaixadas de Israel e de seus aliados, como Estados Unidos e França.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pela ala política do grupo terrorista Hamas, responsabilizou o governo de Israel pelo episódioe disse que há ao menos 500 mortos. O Exército israelense disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou a Jihad Islâmica, um outro grupo palestino, pelo caso. Este segundo grupo negou a acusação israelense. Nenhuma das versões foi confirmada de maneira independente até agora.
ONU REJEITA RESOLUÇÃO
O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) rejeitou a resolução do Brasil para a guerra no Oriente Médio que acontece desde o dia 7 de outubro. A proposta brasileira teve 12 votos a favor, um contra e duas abstenções, do Reino Unido e da Rússia.
Os Estados Unidos foram os responsáveis por vetarem a proposta do Brasil, alegando que no texto não há menção ao direito de Israel se defender. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso ter os votos de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho, incluindo os membros permanentes.
Senado vai questionar embaixador
O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou na manhã desta quarta-feira, 18, que o Senado vai questionar o chanceler Mauro Vieira sobre o motivo do Brasil ter se aproximado do Irã. O parlamentar é autor do pedido que leva o chanceler nesta quarta a Casa para falar sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza. Ele vai esclarecer a posição diplomática do Brasil em relação ao confronto e explicar a operação do governo federal de repatriação de brasileiros que estão na zona de conflito.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel cobrou posição clara do Brasil no repúdio ao Hamas. “Vamos ter uma conversa muito importante e esclarecedora sobre o papel do Brasil em toda essa questão do conflito e, ao meu ver, o erro que o Brasil cometeu nesse primeiro ano de governo em se aproximar muito do Irã. Os iranianos foram aceitos no Brics, que é o banco que o Brasil faz parte com outros países. Teve um incentivo do embaixador Celso Amorim, que é o chanceler que dita toda a diplomacia brasileira, para que o Irã pudesse ser aceito. E o Irã é o grande financiador desses grupos terroristas, como o Hezbollah e o Hamas”, disse o senador.
Para Carlos Viana (Podemos-MG), quando o Brasil aceita o Irã nos Brics, estamos dando financiamento a uma ditadura religiosa que condena homossexuais a morte, ou seja, nos alinhamos a um país que precisa dar mostras claras de respeito aos próprios direitos humanos. “A política externa brasileira ao trazer o Irã para o convívio de nações pacíficas deu um passo errado. Somos contra violência e precisamos falar quem está causando as mortes”, comentou.