O prefeito de Assú, Lula Soares, concedeu entrevista à TV Assú para marcar os 100 dias de sua gestão, mas o que se viu foi um discurso vazio, cheio de frases feitas e distante da dura realidade enfrentada pela população.
A entrevista, que poderia ser uma oportunidade para mostrar pulso firme, planejamento e compromisso com o povo, revelou um gestor acomodado, desconectado e sem preparo para lidar com os desafios do município.
Sobre o escândalo envolvendo um carro da Prefeitura apreendido em outro estado transportando drogas, Lula tratou o caso com superficialidade. Disse que abriu sindicância e afastou dois servidores — da Saúde e da Assistência Social —, mas preferiu empurrar o caso para a polícia, como se a responsabilidade institucional da Prefeitura acabasse aí.
Em momento algum anunciou medidas para impedir que o absurdo volte a se repetir, e nem afirmou se foi feito uma auditoria nos bens recebidos e se todos estão em posse da prefeitura, ou se tem bens perdidos pelo país ainda. A sensação que ficou é a de um prefeito passivo, que assiste aos problemas se multiplicarem sem agir com firmeza.
Ao ser questionado sobre as estradas da zona rural, Lula Soares soltou uma frase que resume bem a sua postura diante dos problemas: “Se fizer hoje, chover amanhã, tem que fazer de novo”. A declaração revela um gestor que parece ter desistido de buscar soluções duradouras, como se o ciclo das chuvas fosse desculpa eterna para a inércia da gestão.
A verdade é que existem sim formas técnicas e acessíveis de garantir a trafegabilidade das estradas mesmo no período chuvoso, como o uso de brita, piçarra compactada, valetas de drenagens, e até caixas de contenções.
O problema não é a chuva, é a falta de planejamento. Jogar barro em estrada e esperar milagre do tempo é subestimar a inteligência do povo. O que falta não é sol, é gestão.
Na educação, Lula tentou pintar um cenário cor-de-rosa, como se tudo estivesse em ordem. Não mencionou as escolas em estado precário, nem as unidades da zona rural que foram fechadas por absoluta falta de estrutura. Muito menos falou sobre a ausência de auxiliares nas salas de aula, que prejudica diretamente o ensino.
Quem conhece a realidade das escolas de Assú sabe que o que foi dito na entrevista está longe do dia a dia de alunos e professores.
Na saúde, mais uma vez, o silêncio. Lula não falou sobre a modernização dos agendamentos, nem sobre o sofrimento das pessoas que ainda enfrentam filas imensas no Centro Clínico. Ignorou também os salários atrasados dos médicos que trabalharam em dezembro e até hoje não receberam, além dos terceirizados. São profissionais que seguram a ponta do sistema de saúde enquanto o prefeito parece ocupado demais com discursos de ocasião.
A entrevista deixou claro: Lula Soares vive numa bolha de rede social. No mundo paralelo das postagens da Prefeitura, não há buracos, não há escolas fechadas, não há salários atrasados. Mas fora da internet, Assú sangra sob a desorganização de uma gestão que ainda não mostrou a que veio.
Ao completar 100 dias de mandato, Lula deveria descer do palanque virtual e olhar nos olhos da população.
Governar não é sobre likes, é sobre responsabilidade, coragem e compromisso com a verdade.