Pacientes que buscam os serviços das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Natal reclamam da demora em razão da alta demanda registrada. Na manhã desta segunda-feira (8), a TRIBUNA DO NORTE esteve nas UPAs do Potengi e de Pajuçara, ambas na zona Norte da capital e constatou a reclamação de vários usuários. A demora nos atendimentos pode durar a manhã inteira, conforme relatos obtidos pela reportagem. A Secretaria de Saúde disse ter ocorrido aumento da demanda, mas não detalhou a alta em números.
José Adilson da Silva, de 59 anos, foi à UPA do Potengi na segunda com o filho, que estava com falta de ar. Cerca de uma hora depois, o rapaz já havia recebido atendimento médico e estava na sala de medicação. Mas o setor de espera da unidade estava lotado. No domingo (7), o cenário era o mesmo, segundo relatou José Adilson. “Ontem [domingo], minha esposa veio com nossa neta para cá logo cedo pela manhã e saiu por volta das 13h, porque estava tudo muito cheio. E hoje, a gente vê que continua igual. Parece que a situação está cada vez pior”, afirmou o homem.
Eram por volta de 9h da segunda-feira quando a manicure Ana Karla Oliveira, de 29 anos, deixava a UPA do Potengi acompanhada da filha, que havia ido à unidade com dor de gargante e febre. As duas chegaram ao local por volta das 6h. “Ela fez exames, tomou medicamento e soro. Quando chegamos, a UPA estava mais tranquila, mas agora está lotada. Os sintomas começaram ontem e eu decidi não esperar muito tempo para trazê-la ao médico”, descreveu a manicure.
Em outra unidade, a de Pajuçara, mais registros de reclamação. A também manicure Maria Fernanda, de 26 anos, acompanhava a esposa que estava com uma gripe forte havia duas semanas. Depois de três horas de espera, apenas a triagem da paciente tinha sido realizada. “Ela tem sinusite e está tossindo muito. Vai precisar fazer um raio-x. Aqui está tão lotado que algumas pessoas foram embora sem se consultar. Esse é o nosso atendimento mais próximo, então, não dá nem para desistir e procurar outro lugar”, reclamou.
Na mesma unidade, a reportagem encontrou a dona de casa Aline Kaline, de 36 anos. A suspeita é de que a filha estava com infecção urinária. “Chegamos por volta das 8h e ela foi atendida agora, às 9h30. Isso porque a pediatria está mais tranquila. Além da infecção urinária, ela teve conjuntivite há pouco e está com sintomas de gripe. Então, aproveitei para consultar tudo. Ele fez exames e nós estamos aguardando o resultado. Se Deus quiser, não vai ser nada demais e nós vamos embora rápido”, disse a mulher, esperançosa.
A TRIBUNA DO NORTE procurou a direção das duas unidades para informar a que se deve a alta demanda, mas em ambos os locais, a orientação foi a de que reportagem procurasse a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A pasta informou “que foi registrada uma demanda maior na última semana para atendimentos nos serviços de urgência e emergência, o que acarretou em um tempo de espera maior para pacientes em situações menos graves, aqueles casos leves para síndromes gripais”.
Segundo a SMS, “os serviços também registraram a presença de pacientes oriundos de outros municípios que procuram os locais para atendimento. A Secretaria de Saúde enfatiza que as unidades que atendem situações de urgência e emergência passam por ciclos de demanda e procura variados por parte dos usuários de saúde, assim como os demais serviços que prestam esse atendimento em todo o país”.
A SMS reforçou que o público que deve procurar os serviços das UPAs são pessoas que apresentem febre alta acima de 39ºC; fraturas e cortes com pouco sangramento; parada cardíaca; infarto (dor no peito); derrame (AVC); queda com torção e dor intensa ou suspeita de fratura; reação alérgica grave; mordida de animais; acidente de carro/moto; cólicas renais; falta de ar intensa; crises convulsivas; ferimento por arma de fogo ou objeto cortante; dores fortes no peito; vômito constante, queimaduras e tentativa de suicídio.
A reportagem também esteve no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, referência em traumas na rede pública estadual, para saber como estava o movimento por lá. Acompanhantes disseram que, mais cedo, a situação na unidade era tranquila, mas a partir das 9h30, a chegada de pacientes havia aumentado. Uma funcionária do hospital, que pediu para não ser identificada, informou que a demanda estava alta, mas dentro do esperado para uma segunda-feira. Procurada, a administração do hospital informou que estava em reunião durante toda a manhã e disse não ser possível atender à reportagem.