
O ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò, de 77 anos, divulgou uma carta neste domingo, 26, pedindo a renúncia do papa Francisco ao assegurar que o pontífice tinha conhecimento, desde junho de 2013, das acusações de abuso sexual relativas ao cardeal Theodore McCarrick, que foi punido em junho pelo Vaticano.
O arcebispo Viganò escreveu uma carta de 11 páginas, que foi publicada por alguns veículos de imprensa europeus mais conservadores. O prelado acusou outros membros da Igreja Católica de formarem um “lobby gay” e acobertarem as acusações contra o cardeal americano. A carta se baseia em acusações pessoais, não apresentando nenhuma documentação ou prova das mesmas.
O ex-embaixador do Vaticano escreveu que Francisco conheceu o caso em 23 de junho de 2013 porque ele mesmo o comunicou e, mesmo assim, o papa “seguiu encobrindo McCarrick”, diz no documento.
Em junho, McCarrick, de 88 anos, foi afastado do Colégio Cardinalício e o papa argentino “dispôs sua suspensão para exercer publicamente seu ministério sacerdotal, assim como a obrigação de que permaneça em uma residência que lhe será atribuída para uma vida de oração e penitência”.
Viganò explicou na carta que foi o próprio pontífice quem lhe perguntou em 2013: “Como é o cardeal McCarrick?”, e que informou ao pontífice que o ex-arcebispo de Washington “corrompeu gerações de seminaristas e sacerdotes e o papa Bento XVI ordenou que ele se retirasse para uma vida de oração e penitência”.
“No entanto, Francisco fez dele o seu fiel conselheiro junto com Maradiaga (Óscar Andrés Rodríguez, cardeal hondurenho) (…) Só quando foi obrigado pela denúncia de um menor e, sempre em função do aplauso dos meios de comunicação, tomou medidas para, assim, proteger sua imagem midiática”, acusou Viganò.
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