Alckmin tenta evitar que Temer assuma sozinho a bandeira da segurança

Numa tentativa de evitar que o presidente Michel Temer se aproprie da bandeira da segurança pública, o governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, anunciou, na quarta-feira, uma operação especial da polícia na região do estado mais próxima ao Rio, o Vale do Paraíba.

A segurança pública e o equilíbrio das contas públicas são os principais cartões de visita que Alckmin apresentará na campanha ao Planalto para tentar se vender ao eleitor que vive fora de São Paulo como gestor eficiente. Desde que Temer determinou a intervenção no Rio, no último dia 16, o tucano tem propagado a queda nas taxas de homicídio em São Paulo. O estado possui o mais baixo índice de assassinato por grupo de 100 mil habitantes do país.

— O principal crime, o homicídio, o crime contra a vida, nós temos o menor número da série histórica — disse o governador, na cidade de Taubaté.

Alckmin anunciou o início de uma operação policial com intensificação de blitzes justamente na divisa com o Rio, além de ações ostensivas no litoral norte paulista, ao longo da Rodovia Rio-Santos. Foram mobilizados 950 policiais, batalhões de choque e helicópteros. Não há data para a ação terminar, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado.

O tucano se considera o único presidenciável com resultados para mostrar no combate à violência, apesar de o estado ser o berço da facção crimininosa PCC, hoje com atuação em todo o país. Aliados do governador avaliam que, se a intervenção no Rio não der certo ou não for capaz de expor resultados até a eleição, Alckmin continuará tendo a “melhor vitrine eleitoral” no debate sobre segurança pública. Se a intervenção for eficaz, o tucano ganhará um novo adversário nas urnas: Temer ou seu escolhido.

Nos últimos dias, na estratégia de forçar o discurso contra a violência, o governo do estado publicou anúncios publicitários exaltando a queda na taxa de homicídios em São Paulo. O governador também pediu ao seu vice, Márcio França (PSB), que deve assumir o governo em abril, para manter nos cargos os secretários de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, e de Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Alckmin quer evitar que mudanças na área abalem o funcionamento das pastas e, eventualmente, provoquem uma escalada da violência, o que colocaria em risco essa bandeira.

Alckmin também marcou posição no dia em que Temer anunciou a intervenção, com o uso do Exército, no Rio, momento em que a segurança pública se transformou no assunto prioritário na agenda do Planalto. Em entrevista, disse que a criação de um ministério para a área vinha sendo defendida por ele antes do auge da crise fluminense.

Com a decisão de Temer de criar o Ministério da Segurança Pública, entregue a Raul Jugmann, o peemedebista já tirou do tucano uma das promessas que assumiria como presidenciável. Nesta quinta-feira, Alckmin e Temer estarão no mesmo encontro, justamente para falar de segurança pública na reunião que o presidente convocou, em Brasília, com todos os governadores. O objetivo do encontro é discutir ações conjuntas para reduzir a violência no país.

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