O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, afirmou nesta terça-feira (16) que alegar “perseguição política” durante processos é uma manobra no mundo político para tirar o réu do foco.
Sem mencionar o ex-presidente Lula, que usou mesmo argumento em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, ele disse que o objetivo é deslegitimar a operação junto à população.
“No mundo político, quando as provas são fortes, as investigações são cuidadosas, a pessoa pega [o discurso de] perseguição política. São as manobras que ele tem para tirar ele próprio do foco. ‘Não sou eu. É uma perseguição política. Não sou eu. É uma série de abusos que estão sendo cometidos'”, disse Deltan em entrevista ao jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira no Teatro Leblon para o lançamento de seu livro “A luta contra a corrupção”.
“Por que começa a discussão sobre supostos abusos? Porque sabem que a única proteção que a Lava Jato tem são vocês. E que a hora em que vocês colocarem o pé atrás em relação a operação, eles conseguem fazer uma rachadura nesse escudo que são vocês, e passam por cime da operação. Essa narrativa acaba pegando. É a estratégia do [ministro da Propaganda nazista, Joseph] Goebbels. Uma mentira repetida mil vezes começa a parecer verdade”, afirmou ele a uma plateia de cerca de 300 pessoas que lotaram o teatro.
O ingresso foi a compra do livro.
Dallagnol não quis comentar o único erro apontado por Gabeira na operação, a apresentação de PowerPoint em que apontava Lula como o centro da corrupção investigada.
“Vou me reservar ao direito de ficar calado”, disse, para risos da plateia.