Criadores têm menos de 15 dias para vacinar rebanho contra aftosa

Criadores de gado no Rio Grande do Norte terão menos de 15 dias para vacinarem seus rebanhos contra Febre Aftosa para que o Estado possa obter a certificação de livre circulação acerca da doença. A imunização no RN e em outros quatro estados foi antecipada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com o intuito de fazer com que a vacinação não seja mais necessária em 2025, desde que em 2024 a meta de 90% de vacinação seja cumprida. A preocupação dos criadores é vacinar os bovinos e bubalinos para ficar livre da exigência de vacinação anual e dar entrada em um certificado internacional junto a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O rebanho potiguar tem cerca de 1,1 milhão de cabeças de gado. Não há casos de febre aftosa no RN há mais de 20 anos.

A campanha de vacinação seguirá até o dia 30 de abril, mas a declaração dos animais pode e deve ser feita até o dia 15 de maio. O custo por vacina varia entre R$ 0,70 a R$ 2,50, com mais de uma dose por caixa. Entre as raças existentes no Estado estão a Sindi, Guzerá, Nelore, Pardo-Suíço, Gir e Girolando.

Nesta terça-feira (16), a Associação Norteriograndense de Criadores (Anorc) convocou uma assembleia geral extraordinária para reforçar a importância da vacinação no Estado. A ideia é que as secretarias de agricultura dos municípios também apoiem a iniciativa e incentivem a imunização do rebanho. “A maior importância dessa vacinação é nos tornarmos, junto aos outros estados, livres da febre aftosa”, explica o presidente da entidade, Matheus França. “Os criadores precisam se atentar em fazer essa vacinação porque alcançando essa meta vai acabar com a obrigatoriedade de a cada seis meses prendermos o rebanho e sermos obrigados a fazer a imunização”, acrescenta.

ANORC reuniu criadores para reforçar necessidade da imunização – Foto: Adriano abreu

Segundo ele, o cenário em que o Estado não atinja os 90% pode ser prejudicial para o setor, inclusive, para a cadeia leiteira, com a produção de leite e queijos. “O RN é muito rico em melhoramento genético. Somos exportadores de genética e sem esse status ficaremos bloqueados de sermos esse exportador”, reforça o produtor.

Segundo o diretor de Defesa e Inspeção Sanitária Animal do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn), Renato Maia, a liberação por parte do Mapa é uma “oportunidade” do Estado conseguir uma certificação internacional junto à OMSA. “Se não tivéssemos esse momento agora certamente nosso pleito só seria atendido em 2026. Isso causaria, para o criador potiguar, um bloqueio do trânsito dos animais saindo do nosso Estado para Maranhão, Tocantins, Pará, Piauí, onde já existe um fluxo bem importante, como também os animais de alto padrão genético que participam de exposições em todo o Brasil”, cita.

Um importante ponto que ele menciona é a condição de exportar genética de qualidade, mesmo com uma pecuária pequena. A mobilização conjunta dos cinco estados que iriam ficar de fora desse pleito, junto à mobilização dos secretários de agricultura, reforça os argumentos para o Mapa rever a situação e dar nova oportunidade. “Para nós é importante porque o dever de casa passa a ser de nós, pecuaristas. Precisamos fazer a nossa parte e mobilizar os criadores a vacinar seus rebanhos”, destacou Orlando Procópio, presidente da Associação Nacional dos Criadores da Raça Sindi.

O secretário de Agricultura e Pesca do RN, Guilherme Saldanha, também reforça a necessidade dos criadores vacinarem. “Do contrário, poderemos ter um prejuízo gigante. O rebanho potiguar tem uma qualidade genética muito grande nas raças Guzerá e Sindi. Vendemos animais para o Brasil inteiro e ficariam proibidos de circular em outras regiões que não sejam esses cinco estados do Nordeste”, declarou.

Em busca da certificação de área livre da doença

No final do mês de março, o Miistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 665 reconhecendo como áreas livres de febre aftosa sem vacinação os estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo, Sergipe, Tocantins e o Distrito Federal. Somente os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso têm o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação pela OMSA.

Além do RN, os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Alagoas também estão empenhados nos processos para alcançarem o reconhecimento e, assim, tornar todo o Brasil como livre da doença sem vacinação. “É um compromisso que todos precisam fazer. Imagine que o RN faça seu dever de casa e outros não façam, continuaríamos sem poder circular o gado ser transportado, pois não pode atravessar um estado que não tenha a mesma condição sanitária” , disse o titular da SAPE, Guilherme Saldanha.

O processo de transição de zonas livres de febre aftosa com vacinação para livre sem vacinação está previsto no PE-PNEFA. A meta é que o Brasil se torne totalmente livre de febre aftosa sem vacinação até 2026. Para realizar a transição de status sanitário, os Estados e o Distrito Federal precisam atender aos critérios definidos no Plano Estratégico, que está alinhado com as diretrizes do Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

O Rio Grande do Norte já está livre da Febre Aftosa com vacinação há pouco mais de 10 anos, segundo o Idiarn. O reconhecimento aconteceu no dia 06 de setembro de 2013, quando o então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, assinou uma instrução normativa reconhecendo o Rio Grande do Norte e Alagoas como áreas livres de febre aftosa com vacinação – onde o vírus não circula, graças às campanhas de vacinação. Naquela época, desde 2008 o RN era considerado área de risco médio, e por isso, enfrentava restrições quando queria transportar gado para outros estados.

A Febre Aftosa é uma doença animal altamente contagiosa, causada por um vírus, que pode acometer criações inteiras e até seres humanos. O Rio Grande do Norte não registra casos da infecção há mais de 20 anos, sendo considerado um estado “livre da Febre Aftosa com vacinação”.

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