Crimes de importunação sexual aumentam 97% no primeiro semestre no RN

Num intervalo de poucos dias, o Rio Grande Norte registrou casos relevantes de crimes sexuais. E entre os principais, os de importunação sexual, que realmente cresceram, de acordo com dados da Polícia Civil. Entre janeiro e junho de 2022, os casos no estado praticamente dobraram no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Os dados da Polícia Civil apontam queforam registrados 176 casos de importunação sexual no primeiro semestre no estado contra 89 no mesmo período de 2021 – o aumento foi de 97,8%.

E a maior parte dos casos acontece com o público adolescente, entre 12 e 17 anos: foram 47 em 2022 contra 15 no ano passado, o que também representou o maior aumento entre as faixas etárias, de 213%.

Contra pessoas entre 18 e 24 anos de idade foram registrados 40 casos de importunação sexual no primeiro semestre deste ano, um aumento de 48% em relação aos 27 casos do ano passado.

De acordo com a Polícia Civil, houve queda no registro de casos apenas na faixa etária acima de 65 anos (veja dados por faixa etária na tabela abaixo).

Casos de importunação sexual no RN

O que é o crime de importunação sexual?

A delegada Ana Paula Vasconcelos, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher da Zona Sul de Natal, explica as razões pelas quais o crime de importunação sexual se diferencia de estupro.

“O crime de importunação sexual é aquele que se caracteriza pela prática de um ato de natureza sexual por parte de um agente sem o consentimento da vítima. Ele se diferencia do crime de estupro exatamente porque no crime de estupro existe um emprego de violência física ou moral pra constranger a vítima a realizar aquele ato sexual. No crime de importunação sexual, não há emprego dessa violência”, explicou.

Ela conta que um dos casos mais “clássicos” desse tipo de crime acontece em ônibus. “O exemplo típico do crime de importunação sexual é aquele praticado dentro dos ônibus, no qual os agentes encostam nas mulheres. Praticam atos de natureza sexual sem o sentimento delas. Mas com o intuito de satisfazer o desejo deles”.

A delegada explica que os crimes são “relativamente recorrentes” e que ocorrem em diversos locais, incluindo lugares com “grande circulação de pessoas e estabelecimentos que em regra são monitorados'”.

Vídeo aqui mostra suspeito de importunação sexual, que usou celular para filmar por baixo da roupa da criança em shopping de Natal.

“São lugares onde a gente consegue mais facilmente juntar provas desses crimes. E as pessoas se encorajam mais a procurar uma delegacia. A fazer o registro dessa ocorrência”.

Importância de denunciar

A delegada reforça a necessidade das vítimas denunciarem os crimes sexuais.

“Ela precisa ser levada ao conhecimento das autoridades policiais pra que possa ser investigada. A vítima não pode se desencorajar pelo fato de ser apenas a palavra dela contra a dele. Muitas vezes eu acredito que elas pensam assim e isso as desencoraja a procurar a polícia e fazer o registro da ocorrência. Mas é importante que façam. Porque ainda que seja a palavra dela contra a dele, a palavra dela tem bastante peso”, explica.

Caso de importunação sexual registrado em Macaíba, num supermercado — Foto: Divulgação

“E quando a gente junta a palavra dela a outros elementos que a gente no decorrer de um processo investigativo consegue levantar, isso pode levar a condenação daquele homem que, em regra, não age contra só uma pessoa, contra só uma mulher. Ele age contra várias vítimas”

O crime de estupro tem pena máxima de dez anos, o de importunação sexual tem cinco anos e o de assédio sexual de dois anos.

Outros crimes sexuais

Os casos de estupro e de estupro de vulnerável no Rio Grande do Norte também cresceram no primeiro semestre de 2022 no comparativo com o ano anterior.

Segundo a Polícia Civil, o estado registrou 213 casos de estupro de vulnerável (em pessoas abaixo de 14 anos) entre janeiro e junho deste ano contra 212 do ano anterior e 171 de 2020 no mesmo período.

Já nos casos de estupro, foram registrados 312 casos no RN nos primeiros seis meses de 2022 contra 299 no mesmo período do ano anterior.

*G1RN

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