O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma defesa da população evangélica do país, dizendo que seus integrantes se dedicam a prevenir a entrada de pessoas no “mundo do crime”.
O magistrado também rebateu falas que apontam a existência de uma “narcomilícia evangélica” que atuaria no Rio de Janeiro. Para Mendonça, “trata-se de fala grave, discriminatória e preconceituosa”.
O termo teria sido usado por um dos participantes de uma reunião realizada no Supremo na semana passada, que tratou da segurança pública.
“Posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica nesse país, ela é composta por mais de 1/3 da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras”, disse Mendonça.
O ministro divulgou uma “nota pública” assinada em seu perfil no X (antigo Twitter). No documento, faz referência a declarações dadas pelo também ministro Gilmar Mendes, durante entrevista, na segunda-feira (11).
Na ocasião, Gilmar disse que o termo “narcomilícia evangélica” foi citado por um dos participantes de uma reunião no STF sobre segurança pública.
O ministro fez referência a uma reunião convocada pelo presidente da Corte, Roberto Barroso, e realizada em 6 de março que debateu o tema da segurança.
Participaram, entre outros, o secretário nacional de segurança pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, e o promotor de Justiça de São Paulo Lincoln Gakiya, que investiga a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na nota, André Mendonça disse que conversou com Gilmar Mendes sobre o assunto, que teria reafirmado a ele o “respeito à comunidade evangélica”, que não teve intenção de constranger seus integrantes e que estaria “à disposição da liderança da igreja para conversar e esclarecer o assunto”.
Mendonça também disse, no documento, que o segmento evangélico “é o maior interessado” em apurar o envolvimento com o crime de “pessoas que se dizem ou se fazem passar por evangélicas”.
“Assim, as pessoas e autoridades que têm conhecimento a respeito da prática dos referidos crimes devem dar o devido encaminhamento ao assunto. Espera-se, assim, que eventuais condutas ilícitas dessa natureza sejam objeto de responsabilização, independente da religião professada de forma hipócrita, falsa e oportunista por quem quer que seja”, finalizou o ministro.