Diante da repercussão negativa ao relatório que apresentou, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator da CPI da JBS, desistiu de propor o indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e do ex-chefe de gabinete dele Eduardo Pelella. O deputado disse que mudou de ideia depois das ponderações do deputado Fernando Francischini (SD-PR) e das declarações “não arrogantes” da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sobre o relatório dele.
— Transformo o indiciamento do senhor Pelella e senhor Janot em pedido de investigação ao Ministério Público Federal — disse Marun na abertura da sessão da CPI, duas horas depois do horário previsto para começar a reunião.
Delegado da Polícia Federal (PF), Franscischini teria explicado ao relator que para imputar crime a uma pessoa, qualquer que seja ela, são necessários elementos mínimos sobre as faltas cometidas e os indicativos de autoria, segundo informações de O Globo.
Na última segunda-feira, numa entrevista ao GLOBO, Francischini disse que não existiam crimes, muito menos provas contra Janot e Pelella. Para ele, a tentativa de indiciamento dos investigadores da Lava-Jato era uma “maluquice” de Marun. O deputado toma posse amanhã como ministro da Secretaria de Governo, cargo responsável pela articulação com o Congresso.
— Eu citei diversos fatos, alegações, nenhuma foi contestada. Todavia, refleti sobre essas questões: materialidade e indícios de autoria. Fiz análise comportamental e, mantendo o indiciamento, onde eu posso até reconhecer a materialidade, permanece dúvida eu talvez estivesse cometendo o mesmo erro do senhor Janot e senhor Pelella — disse Marun ao tentar explicar o recuo.
Ele alega também que a reação da procuradora-geral Raquel Dodge contribuiu para a retirada da proposta de indiciamento. Numa entrevista ontem, Dodge disse que só iria se manifestar sobre o assunto depois de receber o relatório da comissão.