A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), não planeja desistir da ofensiva jurídica contra o senador Sergio Moro (União-PR) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em função da possibilidade de a cassação do ex-juiz da Lava Jato dar espaço a um político mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado.
Segundo O Globo, aliados do presidente Lula temem que uma possível cassação de Moro possa abrir as portas do Senado para Michelle Bolsonaro (PL). A ex-primeira-dama é vista no Planalto como uma liderança política capaz de causar mais estragos ao PT.
“Não consigo conceber alguém do PT pensar que tem gente pior do que Sergio Moro. Se houver nova eleição, como esperamos, o caminho correto é apresentar um nome do campo democrático e disputar nas urnas contra qualquer oponente da extrema direita. Ninguém vence eleição de véspera, mas correr de medo do adversário é o caminho certo da derrota”, afirmou Gleisi.
Gleisi não esconde o interesse na vaga de Moro
A petista já se colocou como possível candidata ao Senado pelo estado do Paraná, caso o mandato de Sergio Moro seja cassado.
“Se tiver eleições nessa vacância da cassação de Sergio Moro, o PT apresentará candidatura, sim. Meu nome é um dos que estão colocados”, afirmou Gleisi à rádio Itatiaia, em abril.
“Mas, temos que discutir internamente com o partido e com os aliados para decidir a melhor estratégia”, completou.
O julgamento de Moro
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, agendou as sessões dos dias 16 e 21 de maio para o plenário da Corte julgar dois recursos contra a absolvição do senador Sergio Moro (União-PR) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).
O vice-procurador-geral Eleitoral, Alexandre Espinosa Bravo Barbosa, defendeu, nesta terça-feira, 7, a rejeição dos recursos e a absolvição de Moro das acusações de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação na pré-campanha das eleições de 2022.
No parecer enviado ao TSE, Espinosa afirma que não há evidências seguras de desvio ou omissão de recursos, nem tampouco simulação intencional de lançamento de candidatura ao cargo de presidente com intenção de disputar a eleição para o Senado no Paraná.
O TRE-PR absolveu Moro no processo de cassação de mandato por abuso de poder econômico. O placar foi de 5 desembargadores eleitorais contra dois indicados de Lula, como resumiu Felipe Moura Brasil.
Apenas José Rodrigo Sade e Lucio Jacob Junior, ambos escolhidos pelo petista para participar do julgamento, acataram as alegações de PT e PL de que o ex-juiz da Lava Jato cometeu abuso de poder econômico por ter se apresentado como pré-candidato ao Palácio do Planalto e ao Senado por São Paulo antes de se eleger senador pelo Paraná.
O placar escancarou aquilo que se sabe desde que Moro se candidatou: o mundo político, e em especial os petistas, que falam tanto em amor, não perdoaram — e provavelmente nunca vão perdoar — o ex-juiz pela Operação Lava Jato.