O tucano, mais uma vez, se posicionou contra eventuais “diretas já” e citou o teórico italiano Antonio Gramsci, que diz haver situações na política onde o “velho já morreu, mas o jogo não nasceu”
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ressaltou na manhã desta sexta-feira (23) que o país caminha para uma situação inédita e muito séria: a de ter um presidente da República denunciado por corrupção.
“O procurador geral da República, baseado em uma investigação da Polícia Federal, que é submetida à Presidência, se dispõe a mover uma ação contra o presidente. E por corrupção. Isso nunca houve”, disse o tucano durante palestra em São Paulo. “Se por um lado isso é sinal de que as instituições estão independentes, por outro lado, é gravíssimo.”
Ao falar sobre a chance do presidente Michel Temer (PMDB) ser denunciado pelo procurador geral Rodrigo Janot, FHC lembrou os últimos dias de Getúlio Vargas. As informações são da Agência Estado.
“Quando Getúlio Vargas era presidente, em um tempo em que os militares estavam muito assanhados, existia a chamada ‘República do Galeão’, formada pelo pessoal da Aeronáutica que fazia inquéritos militares. Um dia, chamaram o irmão do Getúlio, Benjamin Vargas. Pouco depois, Getúlio se matou porque descobriu que o irmão estava metido em confusões junto com o chefe de sua guarda pessoal. Era grave”, disse o ex-presidente, que acrescentou: “Não estou dizendo que o Temer se mate, claro, prefiro outra coisa”.
A “outra coisa”, segundo FHC, é a antecipação das eleições por determinação do próprio Temer. “Ele podia chamar as forças políticas e antecipar a eleição para daqui a oito, nove meses. Isso para ter legitimidade.”
O tucano, mais uma vez, se posicionou contra eventuais “diretas já” e citou o teórico italiano Antonio Gramsci, que diz haver situações na política onde o “velho já morreu, mas o jogo não nasceu”, referindo-se à ausência de lideranças políticas no cenário brasileiro atual.