Iraque condena ataques dos EUA e diz ser “irresponsável”

De acordo com o porta-voz do primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, os recentes ataques norte-americanos contra grupos militantes iraquianos — componentes oficiais das forças de segurança do país — demonstraram uma “clara determinação em prejudicar a segurança e a estabilidade no Iraque”, segundo a CNN.

O Iraque é um aliado de ambas as potências globais: os Estados Unidos e o Irã. Abrigando cerca de 2,5 mil soldados norte-americanos e possuindo milícias apoiadas pelo Irã integradas às suas forças armadas, o país é uma testemunha ocular da escalada de ataques de retaliação desde a eclosão da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro.

Ataques dos Estados Unidos e as consequências para as relações com o Iraque

Segundo o Pentágono, os EUA realizaram bombardeios a três instalações ligadas a milícias apoiadas pelo Irã, incluindo as Brigadas do Hezbollah. Essa ação foi uma resposta a um ataque durante o fim de semana a uma base aérea iraquiana, que resultou em militares dos EUA feridos.

“Este ato inaceitável mina anos de cooperação, viola descaradamente a soberania do Iraque e leva a uma escalada irresponsável”, declarou o porta-voz, enfatizando uma das críticas mais duras já feitas aos EUA pelo primeiro-ministro iraquiano.

Contínuo conflito: um desafio para o presidente dos Estados Unidos

As tropas dos EUA no Iraque e na Síria foram atacadas aproximadamente 150 vezes por combatentes afiliados ao Irã desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas. Essa situação criou pressão sobre o presidente Joe Biden para responder militarmente, mesmo diante das sensibilidades políticas em Bagdá.

O dilema das Forças de Mobilização Popular (PMF) do Iraque

Os EUA responderam com diversos ataques, incluindo um que matou um líder de milícia pró-iraniana em Bagdá. Isso resultou em apelos iraquianos para uma saída acelerada, porém negociada, das tropas da coalizão lideradas pelos EUA.

Vários grupos militantes apoiados pelo Irã, que têm lançado ataques contra as forças dos EUA, fazem parte das Forças de Mobilização Popular (PMF) do Iraque. Essa é uma força de segurança sancionada pelo país, formada inicialmente como um grupo de milícias em 2014 para combater o Estado Islâmico. Contudo, mesmo sob o comando formal do primeiro-ministro do Iraque, muitos desses grupos tomam decisões independentes da cadeia de comando e juraram continuar os ataques às tropas dos EUA até o término da guerra em Gaza.

A PMF alegou que um de seus membros foi morto e outros dois ficaram feridos nos ataques noturnos que tiveram como alvo a cidade de Jurf al-Sakhar, a cerca de 50 quilômetros ao sul de Bagdá, e a cidade de al-Qaim, na fronteira com a Síria.

Atualmente, os Estados Unidos têm 900 soldados na Síria e 2.500 no Iraque. Eles atuam assessorando e auxiliando as forças locais para evitar o ressurgimento do Estado Islâmico, que em 2014 ocupou uma grande parte dos dois países antes de ser derrotado nos anos subsequentes.

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