Irmão de senador vendia influência em esquemas no SUS, diz PF

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O empresário Murad Aziz, irmão do senador Omar Aziz (PSD/AM), ‘vendia prestígio’ para ‘auferir lucros’ em supostos esquemas descobertos pela Operação Cashback, quarta fase da Maus Caminhos, que mira desvios R$ 142 milhões do Sistema Único de Saúde do Amazonas.

Entre os alvos da Operação Cashback estão empresários e políticos. Os investigadores citam o deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB/AM) como um dos supostos envolvidos no esquema. O parlamentar está internado em um hospital de São Paulo.

O irmão de Aziz chegou a ser considerado foragido, mas se entregou, segundo os investigadores. Segundo o superintendente regional da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, Murad Aziz é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

“O principal crime investigado nessa nova fase da Operação Maus Caminhos é o crime de peculato, no entanto, existem pessoas que fazem o trâmite, buscam a facilidade dentro do estado utilizando o poder e a influência política que detêm”, relata o delegado.  Luiz Vassallo e Fabio Serapião – O Estado de São Paulo

O chefe da PF no Amazonas detalha o papel de Murad. “Alguns desses investigados vendiam essa influência e auferiam lucro retirado dessa atividade ilícita. Eles operavam para que o esquema se mantivesse e continuasse existindo. Estamos em investigação, encontramos indícios de que ele [Murad Aziz] operava nesse sentido”, diz.

A Cashback é a quarta fase da Operação Maus Caminhos, deflagrada em 2016. Em janeiro deste ano, a PF deflagrou uma etapa da missão, denominada ‘Custo Político’, e chegou a prender o ex-governador José Melo (PROS) e a mulher dele, Edilene, que teria pago R$ 500 mil em dinheiro vivo por obras de reforma da mansão do casal em Manaus. Melo e a mulher, segundo os investigadores, teriam ocultado e destruído provas de um esquema de desvios de R$ 50 milhões da área da saúde.

Segundo a Controladoria, com o avanço das apurações, foram identificados ‘novos fatos e prejuízos referentes à prática do retorno do dinheiro pago às empresas fornecedoras de produtos e serviços da ONG Instituto Novos Caminhos (INC) ao líder da organização criminosa, para que fosse redistribuído a título de propina aos agentes públicos e políticos’.

A PF informou que os principais alvos da nova fase da Maus Caminhos são empresários. Entre as fraudes identificadas, a organização criminosa para o desvio de recursos públicos realizava pagamentos superfaturados em preço e/ou quantidade, com a posterior devolução de parte do valor pago. Por essa razão, o nome da operação policial faz alusão ao modelo de compras que devolve parte do dinheiro ao consumidor.

Apenas em um dos contratos dessas empresas com o Estado do Amazonas, no valor de R$ 552 milhões, foi identificada fraude no valor de R$ 140 milhões.

A Justiça Federal decretou bloqueios de contas e de sequestro de bens móveis e imóveis, acolhendo manifestação do Ministério Público Federal.

De acordo com a Receita, há indícios de fraudes fiscais da ordem de R$ 100 milhões, cujas autuações podem alcançar R$ 75 milhões. Segundo a Controladoria, foram identificados desvios de recursos públicos da ordem de R$ 142 milhões.

Operação Maus Caminhos (21/9/2016)

primeira fase da operação teve início em análise da Controladoria-Geral da União sobre concentração atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde ao Instituto Novos Caminhos (INC). As investigações demonstraram que os principais fornecedores da organização social, empresas administradas por um mesmo grupo de pessoas e ligadas ao esquema criminoso, receberam pagamentos por serviços médicos e administrativos não prestados, indevidos e superfaturados. As fraudes envolviam, ainda, prestação dos serviços auxiliares, como lavanderia, limpeza, refeições hospitalares e portaria.

Operação Custo Político (13/12/2017)

Na segunda fase da operação, destaca a Controladoria, evidenciou-se um esquema criminoso maior e mais complexo, com envolvimento de ex-secretários do governo do Amazonas. “Esses agentes públicos recebiam propina periodicamente do INC para priorizar e agilizar liberações de contratos e recursos destinados ao Fundo Estadual de Saúde.”

Operação Estado de Emergência (21/12/2017)

terceira fase teve o objetivo de desarticular o núcleo político de organização criminosa que desviava recursos públicos da saúde no Amazonas. O trabalho investigou a atuação do ex-governador do Amazonas José Melo, “que recebia vantagens indevidas do esquema criminoso, o que gerava acréscimos patrimoniais e movimentações financeiras incompatíveis com a renda”.

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