Kassab recebeu R$ 43,4 milhões de propina, diz Época

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A revista “Época” obteve novos documentos da delação da JBS que revelam o repasse de propinas para ao menos cinco ministros do governo Michel Temer (PMDB). Somente o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), teria recebido ilegalmente R$ 43,4 milhões da empresa. Entregues pelos executivos da JBS à Procuradoria Geral da República (PGR), os papéis confirmam o que os delatores disseram em seu acordo de colaboração premiada.

Do total repassado a Kassab, R$ 18 milhões foram pagos por meio de uma empresa de sua família, a Yape Consultoria e Debates Ltda. Foram 58 pagamentos entre agosto de 2013 e julho de 2016. A família do ministro tem outra empresa, de transportes, que presta serviços para a JBS. A Yape, no entanto, não teria realizado nenhum serviço, de acordo com os delatores.

Ainda segundo a reportagem da revista, do montante recebido por Kassab em 2014, R$ 30,3 milhões foram pagos via caixa 1, por meio de empresas indicadas por ele e por aliados, e, também, em dinheiro. A JBS debitou esses R$ 30,3 milhões, segundo os documentos, da conta de propina mantida pelo PT junto à empresa, por benesses ilegais no BNDES. Nesse valor estão incluídos R$ 4,9 milhões acertados com Wesley Batista e repassados para a empresa Yape.

Beneficiado pela JBS, Kassab foi generoso com o dinheiro arrecadado. Segundo a “Época”, o ministro autorizou o repasse, em dinheiro vivo, de quase R$ 1 milhão ao deputado Fábio Faria (PSD-RN). Outros R$ 11,3 milhões Kassab destinou a seu partido, o PSD. E R$ 940 mil foram remetidos para o PV de São Paulo.

Capilaridade. Com negócios em todo o Brasil, a gigante JBS conseguia um fluxo de dinheiro vivo e um fornecimento garantido para atender a demanda de políticos que escolhiam essa forma para receber propina. Boa parte dos pagamentos era resolvida com uma ligação entre os encarregados pelos repasses na empresa. Segundo a revista, era comum que empresários e políticos buscassem valores pessoalmente, tamanha despreocupação com a operação ilegal.

Procurado pela “Época”, Kassab afirmou que a empresa de sua família presta serviços à JBS há anos e que já enviou esclarecimentos à Receita Federal.

TEMER

Simulado. Conforme a reportagem mostrou quarta (3), notas fiscais frias apresentadas pelos delatores revelaram que empresas ligadas a Temer receberam R$ 2,2 milhões da JBS em 2010.

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