A “civilidade” com que Sergio Moro tratou Flávio Dino na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado partiu de um conselho que o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre, deu ao ex-juiz.
Antes da sabatina, Alcolumbre disse a Moro que a votação do nome de Dino seria a oportunidade de mostrar às instâncias do poder — leia-se, os ministros do STF — que tipo de oposição o ex-juiz estava disposto a fazer no Senado. A indicação de Dino era defendida por Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Alcolumbre comentou que não seria interessante para Moro se firmar como um bolsonarista radical e que o ex-juiz tinha credenciais para liderar uma vertente de direita moderada.
Moro causou furor no bolsonarismo ao confraternizar com Dino na CCJ. O senador abraçou o indicado de Lula ao STF e gargalhou após uma conversa ao pé do ouvido.
O deputado cassado Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, disse a pessoas próximas que ficou “extremamente desapontado” com a postura de Moro no Senado. Dallagnol acredita que Moro quis enviar sinais ao STF para não ter o mandato cassado.
O PT e o PL, partido de Jair Bolsonaro, acusaram Moro no TRE do Paraná de cometer os crimes de abuso de poder econômico, arrecadação e gastos eleitorais ilícitos e mau uso dos meios de comunicação no pleito de 2022. As ações, que agora tramitam em um só processo, pedem que o ex-juiz seja cassado e fique inelegível por oito anos. Em última instância, o TSE decidirá qual será o futuro político de Moro.