Operação Lava Jato condenou 160 réus

Sergio Moro

Quatro anos depois de ser deflagrada para investigar a lavagem de dinheiro utilizando um posto de combustíveis em Brasília, a operação Lava Jato cresceu de forma assustadora e já gerou a condenação de 160 pessoas ao menos na primeira instância. A conta inclui a 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sergio Moro, e a 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, nas mãos de Marcelo Bretas. Dessas, 77 já foram condenadas também em segunda instância, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre.

De acordo com o balanço do Ministério Público Federal (MPF), 187 acordos de colaboração firmados na Justiça Federal e no Supremo Tribunal Federal (STF) geraram o compromisso da devolução de R$ 12 bilhões por parte de colaboradores que fizeram delações premiadas e empresas que assinaram acordos de leniência.

Responsável pelos números mais impressionantes da maior operação de combate à corrupção da história brasileira, a força-tarefa paranaense da Lava Jato já denunciou 289 pessoas. Dessas, 123 foram condenadas por Sergio Moro. Somadas, suas penas chegam a 1.861 anos e 20 dias. As informações são da Agência Estado.

No Rio de Janeiro, foram 153 pessoas denunciadas, com 37 réus já tendo sido condenados pelo juiz Marcelo Bretas. Suas penas, somadas, alcançam 523 anos e oito meses.

No âmbito da Procuradoria Geral da República (PGR), que cuida de casos relativos aos políticos que possuem foro privilegiado no STF – caso de deputados, senadores, ministros, por exemplo – e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – situação dos governadores – já foram 36 denúncias, envolvendo 101 pessoas. Além disso, 193 inquéritos foram instaurados, sendo que 124 continuam ativos. Apesar de todo esse esforço, por enquanto, ninguém foi condenado nesses tribunais superiores.

Futuro. Apesar dos números assustadores, a Lava Jato não está nem perto do fim. De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, o procurador Eduardo El-Hage, coordenador da força tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, afirma que o Estado está em uma fase “acelerada de novas operações”. “Teremos, até o final do ano, grandes operações a serem deflagradas”, disse ele, segundo o jornal.

O reflexo de tamanho empenho na luta contra a corrupção, segundo o procurador Deltan Dallagnol, tende a ser a redução da corrupção sistêmica que assola o país. “A punição não pode acontecer de modo episódico num caso específico, mas de modo geral. Quanto mais crimes forem punidos, menos as pessoas foram querer praticar crimes”, diz ele.

Para ele, é preciso que haja uma mudança mais ampla para que o resultado final seja alcançado. “Se queremos mudar, precisamos atacar a corrupção, mudando sistema de justiça que privilegia a impunidade. Para isso, precisamos atacar em várias frentes. Reforma no sistema político, melhora no sistema de licitações, transparência e participação da sociedade no controle das contas públicas”, diz.

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