Após receber os membros da comissão especial da reforma política, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que se o modelo eleitoral não mudar, continuará havendo caixa 2 e participação do crime nas eleições.
Ele citou o fato de o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) já ter identificado membros da organização criminosa PCC financiando eleições locais. O ministro defendeu que sejam aprovadas mudanças, no Congresso, para que o Brasil encerre o “ciclo de vale-tudo” na política.
— Se não houver mudança nos sistema, por conta da inexistência de recursos públicos e privados, certamente nós vamos ter caixa dois, vamos ter dinheiro do crime, toda essa instabilidade. Vai ser uma eleição policiada e policialesca — afirmou. As informações são de O Globo.
O ministro disse que o Brasil vem vivendo sucessivas crises políticas por conta do modelo eleitoral, a ponto, de, segundo ele, já ter contaminado todo o sistema político. Ele sugeriu que seja criado “um Plano Real no âmbito da política”. Durante a reunião com os deputados que compõem a comissão especial da reforma política, Gilmar informou que na próxima semana os corregedores eleitorais de todo o Brasil estarão em Brasília para discutir a reforma.
— Nós temos tido sucessivas crises, escândalos, desde a comissão do orçamento, no governo Collor, associado a esse modelo de financiamento. É mensalão, é petrolão e tudo o mais. E isso chegou a um grau de contaminação que agora atinge todo o sistema político. Não é possível viver nesse estado de sobressaltos. Nós precisamos fazer nesse campo o que se fez no Plano Real, trazer o Brasil para um plano civilizatório no que concerne à política, encerrando esse ciclo de vale tudo que vivemos até aqui — avaliou.
Ontem a comissão da reforma política aprovou mudanças para acelerar a tramitação de projetos de iniciativa popular e permitir que cidadãos comuns possam sugerir a realização de plebiscitos e referendos. O presidente da comissão, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), disse que na semana que vem serão discutidas mudanças no sistema eleitoral (voto em lista fechada, voto distrital ou voto distrital misto) e no financiamento das campanhas.