A bancada mineira da Câmara, que reúne 53 deputados, quer que o presidente Michel Temer aproveite a reforma ministerial que terá que fazer até o início de abril para entregar “uma ou duas pastas” ao Estado.
A cobrança —ou “disposição de ajudar”, como prefere dizer— é do deputado Fábio Ramalho (MDB), vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada de Minas Gerais, a segunda maior da Casa, atrás apenas da de São Paulo, com 70 deputados.
“Chegou a hora de o presidente Temer olhar para Minas com mais carinho. Minas tem sido muito correta com o governo e chegou o momento de o presidente demonstrar o respeito por nosso Estado. Fará muito bem ao governo dele e fará muito bem ao Brasil”, disse Ramalho à Folha.
“Minas tem que participar com uma ou duas pastas”, afirmou o representante do Estado. As informações são de Daniel Carvalho – Folha de São Paulo.
Mas os mineiros não querem qualquer pasta. “Tem que ser um ministério de peso. Ministério pequeno não adianta”, disse o vice-presidente da Câmara, elencando Saúde, Educação, Cidades e Integração Nacional como ministérios de interesse dos deputados do Estado.
Destes, o das Cidades não deve mudar de comando, já que o atual titular, Alexandre Baldy (Podemos-GO), disse na sexta-feira (23) que não pretende disputar as eleições deste ano.
A Saúde está sob domínio do PP, enquanto a Educação está com o DEM e a Integração, com o MDB, partido de Temer.
À DISPOSIÇÃO
Antes mesmo do início oficial das negociações para a sucessão, dois nomes da bancada mineira já circulam na Esplanada como indicações para ocupar ministérios.
O ex-deputado Bernardo Santana (PR) é um dos cotados para substituir o alagoano Maurício Quintella (PR) no Ministério dos Transportes.
O parlamentar apareceu em uma lista de contribuições ilegais feitas pela Odebrecht.
Segundo emedebistas, o deputado Saraiva Felipe (MDB) também está “disponível” para ser ministro.
Apesar de bem posicionado em pesquisas locais, colegas de partido dizem que o ex-ministro da Saúde no governo Lula abriria mão de sua candidatura para apoiar o filho na disputa por uma cadeira na Câmara.
“Saraiva pode compor qualquer governo. Ele tem um histórico bom”, afirmou o correligionário Fábio Ramalho.
Quando ministro, em 2005, o mineiro ficou marcado por ter usado o termo “aidético” para se referir a portadores do HIV. A palavra é considerada pejorativa.
À época, a assessoria de Saraiva Felipe disse que a declaração “foi um lapso”.