O relacionamento aberto do PP com Lula

PP é um partido Progressista, dinâmico, ousado. E fluído (adjetivos com ironia, diga-se). Durante este final de semana, dirigentes do partido, como Ciro Nogueira (foto), reafirmaram sua posição diametralmente oposta ao do governo Lula, mas ressaltaram que não vão dispensar uma boquinha no governo federal. Em tempos de relacionamentos líquidos (conceito baseado na tese do sociólogo polonês Zygmunt Bauman), o PP reitera a verdadeira “nova política” partidário-nacional: o casamento com relacionamento aberto.

É uma união por aparências, estável, mas que vale tudo. Sair com quem quiser, trair, dividir o quarto com três ou quatro pessoas (o horário não me permite escrever o nome correto da prática). E o PP conseguiu colocar dois pés em canoas distintas, e sem ser incomodado por ninguém: em uma, mantém Ciro Nogueira como porta-voz da direita; na outra, libera o deputado André Fufuca, líder do partido na Câmara, a embarcar no governo federal sem qualquer cerimônia. Adesão essa com o aval de Arthur Lira. Afinal de contas, quem sofre com a carência em sua articulação política é Lula, Padilha e Cia.

Verdade seja dita: essa nova fórmula de fazer política não foi inaugurada pelo PP. O MDB já fez isso e o União Brasil consolidou essa prática neste ano ao ter três ministros e não entregar nem metade dos votos da sigla na Câmara em matérias de interesse do Planalto. Agora, PP e Republicanos, cientes dessa carência petista, também querem participar desta bagunça afetiva. Todos partem da mesma premissa: “Quero um ministério para chamar de meu, mas não me comprometo em manifestações públicas de afeto”. Justo – quem precisa de apoio e suporte é o PT; não o PP, Republicanos ou o União.

Na política, traições são absolutamente normais, mas no governo Lula elas chegaram a outro patamar. E em tempos de relacionamentos líquidos, o fato é que o petismo – por inabilidade política do propalado ‘animal político Lula’ – viu-se obrigado a endossar uma comunhão absolutamente tóxica. Talvez seja o caso de os responsáveis pela articulação petista procurarem um terapeuta político.

E viva à modernidade.

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