Temer faz eventos repetidos para anunciar verbas que já existem

Na luta para permanecer no cargo e obter o maior número de apoios no Congresso, o presidente Michel Temer vem lançando mão, nas últimas semanas, da estratégia de repetição de anúncios positivos, sobretudo os que tratam de recursos para áreas fundamentais do governo. Desde a semana passada, foram duas solenidades seguidas envolvendo o Ministério da Saúde que divulgam apenas realocação de recursos. Em suma, o que parecia dinheiro novo era só impressão.

Em cerimônia repleta de autoelogios na quinta-feira, na qual fez questão de tentar transparecer bom humor, Temer anunciou, com toda pompa, uma realocação de recursos — que já eram do próprio ministério — de R$ 344,3 milhões para um programa de saúde bucal. A repetição de anúncios tem sido comum no governo, principalmente no momento em que precisa angariar apoios para barrar, no plenário da Câmara, a denúncia por corrupção passiva feita pela Procuradoria-Geral da República.

Os R$ 344,3 milhões para saúde bucal serão investidos em 10 mil cadeiras odontológicas, credenciamento de 34 Unidades Odontológicas Móveis e custeio de 2.299 novas equipes de saúde bucal. Na semana passada, Temer tentou dirimir a turbulência política noticiando uma realocação de R$ 1,7 bilhão para ambulâncias e atenção básica, o que também já havia sido anunciado anteriormente. As informações são de O Globo.

O Ministério da Saúde já fez pelo menos três cerimônias no Palácio do Planalto para anunciar os novos carimbos de recursos internos. O valor economizado pela pasta em pouco mais de um ano de governo Temer é de R$ 3,5 bilhões. O ministério só detalha corte de gastos gerais, que seriam redução média de 20% em 873 contratos e convênios; dispensa de 800 bolsistas; corte de 350 contratos de livre nomeação; aperfeiçoamento do transporte de funcionários; revisão dos contratos de informática; e realocação de funcionários de quatro prédios para um em Brasília.

O R$ 1,7 bilhão anunciado no último dia 23 está nesse montante, mas a pasta não informou especificamente a origem dessas verbas. Só o destino: de R$ 1,7 bilhão, cerca de R$ 770 milhões irão para a atenção básica — agentes comunitários, equipes de saúde da família e saúde bucal, por exemplo. O governo calcula que 22 milhões de pessoas serão beneficiadas, em 1.787 municípios. O R$ 1 bilhão restante será destinado para a compra de ambulâncias.

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