Tribunal de Justiça inocenta juíza no caso da advogada negra algemada no Rio

Valéria Lúcia dos Santos

O desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto, presidente da Comissão Judiciária dos Juizados Especiais (Cojes) do Tribunal de Justiça (TJ), considerou que não houve irregularidade no comportamento da juíza leiga Ethel Tavares de Vasconcelos no caso em que a advogada negra Valéria Lúcia dos Santos foi algemada durante audiência.

De acordo com o desembargador, a prova colhida deixa “patenteado que a advogada Valéria Lúcia dos Santos estava exaltada, e as testemunhas falam que achavam que a mesma ia agredir a advogada juíza leiga Ethel Tavares de Vasconcelos”. No documento, Almeida Neto afirma que a versão da advogada – de que teve as mãos colocadas para trás e algemadas – está “em colisão com todo restante da prova que afirma que ela se jogou no chão”.

Em nota, o presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB/RJ, Luciano Bandeira, discordou da decisão do desembargador. Bandeira destaca que a OAB só tomou conhecimento da decisão por meio dos meios de comunicação, uma “vez que não integrou o procedimento, nem pôde participar da oitiva da juíza leiga ou das testemunhas arroladas”.

“Causa-nos espécie e estupefação o fato de o tribunal não ter percebido qualquer tipo de ilicitude na inaceitável e reprovável decisão de algemar uma advogada no exercício de sua profissão. O Procedimento Ético Disciplinar no intuito de apurar, adequadamente, a conduta da juíza leiga está em curso em nosso Tribunal de Ética e Disciplina, que, ao contrário do TJ, ouvirá todas as partes, respeitando o direito à ampla defesa, ao contraditório e a todos os princípios legais pertinentes”, destacou o integrante da OAB.

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